País une-se em Portalegre para 10º Encontro Anual de Bancos Alimentares

Durante a manhã do dia 28 de abril, 7 personalidades reuniram-se na Câmara Municipal de Portalegre, juntamente com vários elementos da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, de maneira a partilharem o seu testemunho enquanto entidades responsáveis na contribuição e recolha de produtos para o Banco Alimentar (BA). Dividiram-se, assim, de modo a poderem debater as várias estratégias utilizadas nas regiões e empresas que representam.

Nuno Cabrita Alves, presidente e colaborador do Banco Alimentar do Algarve, representou neste 10º Encontro Anual a Campanha de Angariação de Amigos. O BA do Algarve é considerado um dos bancos com mais amigos e parceiros do país e para o responsável: “As Câmaras Municipais são as melhores amigas do Banco Alimentar”. Nuno Alves afirma, também, que é necessário um “processo de namoro, ou seja, uma relação estável até ao primeiro donativo, por mais pequeno que seja” para conseguir cativar pessoas dispostas a ajudar. Muitos são os serviços que colaboram com este BA, como a Segurança Social, o Instituto de Emprego e Formação Profissional e o Estabelecimento Prisional de Olhão. Através destes serviços surgem iniciativas que promovem a integração de pessoas com algum tipo de deficiência ou incapacidade e reclusos. O presidente concluí dizendo que “o Banco Alimentar não funciona sem as pessoas”.

Marcou ainda presença Antónia Chambel, presidente da Associação Tégua, representante do tema “Trabalhar em rede com as Instituições” e parceira do Banco Alimentar. Descreveu, ao longo do seu discurso, como é trabalhar com toxicodependentes e sem-abrigo. Para Antónia “as pessoas podem generosamente oferecer”, ou seja, contribuir com todo o tipo de produtos. Atualmente, ajudam cerca de 30 pessoas individuais e 24 famílias carenciadas na zona de Portalegre.

O Banco Alimentar do Oeste encontrou-se representado por José Siqueira de Carvalho, através do tema “Quem são os meus parceiros?”. Este Banco tem como principal objetivo a recolha de produtos provenientes de supermercados e respetiva distribuição pelas instituições às quais estão associadas, aproveitando os produtos que sobram dos mesmos. Afirma, ainda, que “os Bancos não são um veículo de despejo”, devido a muitas vezes chegarem alimentos fora de prazo. Por fim, diz sentir que, cada vez mais, deveria de existir algum tipo de fornecimento de gasóleo, devido às inúmeras deslocações que faz anualmente.

O tema “As Ideias também alimentam: Creative Weekend no IADE” foi conduzido por Ana Vara, representante desta iniciativa, que tem como fim fazer chegar o Banco Alimentar a alunos universitários. “É muito importante a relação que o Banco Alimentar tem com as universidades”, revela a professora. A iniciativa incidiu-se, também, no reformular da imagem das campanhas. Esta foi realizada pelos alunos do IADE, mais precisamente dos cursos de Design, de Fotografia, de Games and Apps e, ainda, de Ciências da Comunicação, a convite do BA. Realça, por fim, que “o saber de todos, colocado à disposição dos outros, também alimenta”.

Ainda durante a manhã a conferência “Benfeitores: como financiar a atividade”, contou com a presença de Ricardo Pinheiro Alves, colaborador do Banco Alimentar da Cova da Beira. Destacou três aspetos fundamentais que devem de coexistir num BA, sendo estes “ajudar as pessoas carenciadas, aproveitar o desperdício e cultivar relações com os benfeitores”. Os benfeitores proporcionam aos Bancos valores monetários, campanhas, veículos, entre outras. E, para Ricardo Alves “é importante, depois de se receber um apoio, agradecer, pois é uma forma de se estender a relação. Não deve de haver vergonhas em pedir”.

Setúbal contribui para o Banco Alimentar através de uma hora solidária. Quem o afirma é Alexandra Figueira, diretora do BA de Setúbal, e Ana Paula Ramos, diretora do estabelecimento prisional da cidade. O tema debatido foi “Outros parceiros que ajudam a alimentar”. Existe uma partilha mútua para que esta horta seja bem-sucedida, pois enquanto que o estabelecimento prisional disponibiliza dois hectares e reclusos, o BA fornece as plantas, os fitofarmacêuticos, os adubos e o combustível. Ana Paula diz, por último, que “criar uma parceria com os reclusos é uma ferramenta fundamental para uma melhor reinserção”. Setúbal é considerada a cidade que mais alimentos doou ao BA, contando com cerca de 620 toneladas.

O último tema debatido foi o “Parceiros na luta contra o desperdício alimentar – A estratégia do Continente” levado a cabo por Ana Paula Magalhães, responsável social no desperdício alimentar da SONAE. A estratégia do grupo incide-se em três principais áreas: o Bem-Estar, a Comunidade e o Planeta. Ana Magalhães confessa que, desde 1994, já apoiaram mais de 872 instituições de solidariedade social e animal, contribuindo com mais de 6,3 milhões de alimentos, equivalendo a quase dois milhões de refeições. Ajudam, também, 219 instituições para animais. Em relação ao ambiente, reutilizam os produtos excedentes, criando novas receitas. “Apercebemo-nos que, com a crise, muitos dos que precisavam de ajuda eram nossos colaboradores e, por isso, decidimos começar a ajudar a comunidade interna”, releva, em última análise.

 

Autores: Maria Coelho, Bárbara Pires

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