O número de dormidas de turistas no Alentejo aumentou cerca de 11% em 2017, o que se traduz em mais 6 594 visitantes alojados nesta região do país em relação ao ano anterior, que são atraídos sobretudo pelo património e pela gastronomia.

A região alentejana tem vindo a ganhar turistas nos últimos anos como explica Elisabete Rodrigues, professora de turismo da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Portalegre “O turismo nos últimos anos no Alentejo têm crescido e o Alentejo é uma região que têm muitas potencialidades”, afirma a professora.

São várias as nacionalidades de turistas que visitam o Alentejo, sendo a grande fatia desses visitantes proveniente da Espanha, do Reino Unido, da França e da Alemanha.

Isabel Barroso tem 62 anos e é de Sevilha. Já visitou várias partes do mundo, mas nunca tinha estado no Alentejo. Surgiu a oportunidade através de um roteiro turístico e não hesitou. Foram várias as cidades que visitou como Marvão, Castelo de Vide, Portalegre e Elvas. Em todas elas ficou encantada com o património. “Em cada cidade que referi visitamos os castelos, as igrejas, visitamos um pouco do património de cada cidade”, realça a turista.

 

Hoteleiros confirmam aumento de dormidas

José Cardoso é proprietário do Hostel de Portalegre, um novo conceito de estabelecimento hoteleiro caraterizado pelo preço acessível e pela partilha de quarto com várias pessoas. Refere que todos os anos o número de hóspedes aumenta e que cada vez mais há uma maior diversidade de nacionalidades no seu estabelecimento hoteleiro. “As unidades hoteleiras no Alentejo não se podem queixar muito porque tem havido uma afluência maior de pessoas uma coisa que não era tão comum, era só no verão que apareciam uns de bicicletas outros de mochilas”, afirma o proprietário.

Também no Hotel D. Luís, na cidade de Elvas, o crescimento de turistas é notado sendo que este ano já tiveram mais de 20 mil hóspedes. Isabel Calado, rececionista do hotel, refere que o que atrai tantos turistas ao Alentejo é sem dúvida o património. “Na sua maioria vêm muito pela parte histórica, tanto que perguntam sempre o que podem visitar. Vêm também pela gastronomia claro que sim, querem sempre restaurantes regionais, mas sobretudo vêm pela parte histórica e agora todos querem ir ver o forte da Graça que é mesmo a joia da coroa”, refere a rececionista.

 

Forte da Graça Património Mundial da UNESCO

Foram várias as classificações que o Alentejo recebeu da UNESCO. Entre essas classificações está o Forte da Graça uma construção recente do século XVIII construído para que o inimigo não conseguisse atacar a cidade de Elvas. Este forte foi considerado património mundial da UNESCO em 2012. “Ele faz parte da classificação que a cidade de Elvas obteve em 2012. É uma classificação que abarca não só as quatro linhas de muralhas do centro histórico, mas também os dois fortes e os três fortins mandados fazer por Wellington durante as invasões francesas”, explica Margarida Ribeiro, guia no Forte da Graça.

Embora tenha recebido essa classificação, este monumento não podia ser visitado, uma vez que não estava recuperado para fins turísticos. É em 2015 que se realiza a requalificação do forte passando a ser possível visitá-lo. “A requalificação veio então permitir a visitação e a requalificação foi a possibilidade de criar percursos em todas as linhas de defesa e nos fossos para que o visitante possa circular em segurança em todas estas áreas, além disso foi dotado de eletrificação, de saneamento básico, de sistemas de alarme e de vídeo vigilância”, afirma a guia.

Conta com mais de 105 mil vistas desde a sua requalificação, este monumento acaba por ser uma mais valia para o turismo no Alentejo uma vez que os turistas ao irem visitar o forte acabam por se alojar na cidade de Elvas. “O visitante não vem só ver o forte da graça, portanto a cidade acaba também por receber esses visitantes que aí ficam alojados, aí fazem as suas refeições e acabam por também contribuir para a economia local”, refere Margarida Ribeiro.

O Alentejo deve apostar mais na divulgação turística

O Alentejo tem vindo a ser valorizado pelo seu património e pela sua gastronomia recebendo inúmeros prémios nestas áreas, contudo Elisabete Rodrigues, professora de Turismo na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Portalegre, refere que esta é uma região com bastantes recursos turísticos que ainda não estão a ser totalmente valorizados. “Existem recursos que ainda não podemos considerar recursos turísticos porque não estão a ser divulgados. Talvez nos canais de distribuição essenciais para conseguir transformá-los em produtos turísticos e para que a procura turística do Alentejo seja superior”, explica a professora.

Para além de ter de apostar mais na divulgação, esta região pode ainda apostar num tipo de turismo diferente que é designado de turismo criativo, que consiste em atividades típicas da região que o turista pode realizar para levar consigo memórias diferentes dos sítios que já visitou. “O turismo criativo que a nível internacional tem tido uma procura muito grande, porque quando falo em turismo criativo há hipótese aqui no Alentejo para desenvolver esse turismo, porque podemos fazer, por exemplo, experiências da apanha da azeitona.”, realça a professora.

 

Autor: Margarida Andrade