99º aniversário do armistício celebrado em Portalegre

A colocação de um ramo de flores em frente ao monumento aos mortos da I Grande Guerra foi um dos pontos altos das cerimónias que assinalaram em Portalegre os 99 anos do armistício.

Durante as cerimónias, alguns alunos da escola secundária de São Lourenço leram ainda uma carta escrita por um soldado português na guerra, como forma de mostrar aos presentes o que sentiram os combatentes em campo.

Em memória ao meu tio-bisavô, João Janeiro que morreu na I Guerra mundial. França, 8 abril 1918. “Querido irmão, não tenho escrito porque nem se quer tenho papel nem tinta, muito menos tempo. Desde já as minhas desculpas. Espero que os nossos pais e nossas irmãs se encontrem bem dentro daquilo que é possível. Agradeço muito o que me têm escrito e enviado. Pode não atenuar a saudade, mas deixa a minha alma descansada. Sabes, Francisco João e João Rosa, nossos vizinhos, encontram-se comigo e juntos passamos tempo comendo as rações frias.”

Também presente nas cerimónias, o atual presidente da Liga dos Combatentes, João Barreto, lembrou no seu discurso as condições precárias que se faziam sentir em época de guerra. “Foram quatro anos de vida nas trincheiras, lama de horror e gás nos dois campos de batalha, quatro anos se invocaram na fadiga, no fastio vivendo em condições precárias e desumanas.”

Segundo João Barreto, para além de se homenagear os combatentes mortos na guerra, a cerimónia é também uma homenagem à Pátria. “O armistício não foi precedido como o fim apenas daquela guerra, mas com o fim definitivo das guerras, depois dela não haveria mais nenhuma. A Alemanha rende-se incondicionalmente, ainda que não tenha sido vencida militarmente. No final do outono 1918, a aliança das potências da Europa Central desmorona-se diante das forças aliadas melhor supridas e coordenadas”, referiu João Barreto.

O presidente da Liga dos Combatentes fez, por fim, referência àqueles que viram os seus familiares partir em tempo de guerra. “Homenageamos igualmente, os familiares de todos os que combateram e sofreram diretamente com o destino dos seus pais, filhos e maridos. Também eles merecem profundo respeito da nação. Recordamos com grande honra, grande orgulho, os nossos soldados.”

Para terminar a cerimónia, foi ainda condecorado um combatente que esteve nas campanhas de África durante a guerra do Ultramar. Segundo o presidente da Liga, há ainda mais combatentes vivos que poderão ser condecorados. “Hoje havia mais, mas não compareceram, tendo sido estes convocados. Há cerca de 7 medalhas ainda para atribuir.”

 

Autor: Laura Cabral

Topo