Curso de Educação Básica com menos alunos, mas a abertura está garantida

Pela primeira vez nos últimos anos, o acesso dos alunos aos cursos de Educação Básica exigiu uma classificação numa prova de matemática A. Uma das consequências desse cenário foi a quebra bastante significativa de entradas de alunos nos cursos de EB em Portugal, incluindo na ESECS.

Esta situação está a causar preocupação nas alunas que atualmente frequentam o curso de Educação Básica. “Se antes o curso já era pouco desejado devido às poucas perspetivas de emprego, agora dos poucos que desejavam esta carreira muitos não são capazes de entrar”, referiu Beatriz Marcelino, aluna de EB.

“Se tivesse que ter entrado com o exame de Matemática A, nunca teria conseguido”, lamenta a estudante.

Muitos dos alunos que ingressam em Educação Básica provêm da área das Línguas e Humanidades, como é o caso de Ana Bengala: “Vim de Humanidades e mesmo sem ter tido matemática estou a conseguir fazer o curso, acho que não devia ser obrigatório entrar com essa nota”.

Fernando Rebola, diretor da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Portalegre, esclareceu ao JC Online que apesar de “este ano o número de colocações ter sido muito inferior aos anos anteriores, o curso vai funcionar com toda a regularidade, uma vez que existem outras vias de acesso, pelos concursos especiais de acesso e para os alunos internacionais, que atualmente possuem cinco vagas que ainda poderão ser alargadas”. De facto, ao contrário do que aconteceu com o concurso de acesso para alunos em Portugal, o curso de EB preencheu todas as vagas disponíveis para estudantes internacionais, o que permite ter uma turma de primeiro ano neste ano letivo.

Apesar da garantia de funcionamento do curso no presente ano letivo, Fernando Rebola concorda que se está “a criar um problema muito grave para o país, pois sabemos que nos próximos dez anos não haverá professores suficientes”.

Para o diretor da ESECS, “há que fazer um trabalho de valorização da profissão docente e de comunicação pública, uma vez que a área do Ensino é uma área de oportunidades profissionais”.

O problema da matemática

Catarina Dias, aluna do curso de Educação Básica, considera que o facto de os alunos terem muitas unidades curriculares na área da matemática “é o grande fator de insucesso” visto que “se torna difícil para os alunos que vieram de línguas terem tanta matemática”, justificou a aluna.

“Se o curso continuar com esta exigência de acesso, apenas os alunos de excelência poderão entrar nele e muitas das vezes esses mesmos alunos preferem envergar por outras áreas”, lamentou Beatriz Marcelino.

Para Beatriz Trindade, estudante de EB, “é necessário mudar as provas de acesso, caso contrário o curso vai acabar e se isso acontecer daqui a uns anos não haverá professores para substituir a maioria que se vai reformar”.

 

Autor: Lígia Neves

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