Cerca de 30% dos alunos que terminam o secundário no distrito de Portalegre não prosseguem estudos

Mais de 230 estudantes que terminaram o ensino secundário em 2014 não prosseguiram os estudos no distrito de Portalegre, segundo dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).

Joaquim Mourato, presidente do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) defende que é necessário assegurar mecanismos de incentivo para estes jovens e também para aqueles que não tiveram a oportunidade de estudar. “Há uma população ativa que não teve a sua oportunidade de estudar quanto tinha os seus 17, 18 anos. Nós precisamos de qualificar essa gente”, considera Joaquim Mourato.

É nos jovens que terminaram o ensino secundário pela via profissional onde se observa uma maior taxa entre os que pararam de estudar: 72% dos 235 alunos que concluíram o 12º ano em 2014 não prosseguiram os estudos em nenhuma via de ensino no ano seguinte. Esta taxa é comparável aos 17% de estudantes da via científico-humanística que terminaram o seu percurso de estudos no 12º ano.

Como o próprio estudo menciona, são vários os fatores que podem explicar esta realidade. À partida, porque os alunos que ingressam pelos cursos profissionais no secundário têm, em regra, um histórico de notas mais baixas ou até reprovações. Em segundo, porque o concurso nacional de acesso ao ensino superior recorre a critérios de seleção adaptados à formação dos alunos que frequentam a via cientifico-humanística no ensino secundário, ou seja, as provas de ingresso coincidem com os exames nacionais que avaliam conteúdos específicos destes cursos e não dos cursos profissionais.

O desafio dos Ctesp

E é para corrigir alguns destes aspetos que o IPP implementou os Cursos Superiores Profissionais (CTeSP).

Márcia, aluna do curso Técnico Superior Profissional (TeSP) de Animação Sociocultural Aplicada à Gerontologia, refere que “o acesso foi relativamente fácil” já que teve de realizar uma prova de admissão, no seu caso uma prova de português, para poder ingressar no curso.

Frequentar um curso Técnico Superior Profissional não era a sua primeira opção, “mas como faltava concluir matemática e como não fiz os exames nacionais, achei que era uma boa oportunidade e um incentivo para continuar a estudar”, acrescenta Márcia.

No entanto, estes cursos são também uma opção para pessoas em idade ativa que assim podem continuar a estudar, incluindo aqueles que já possuem uma licenciatura, como é o caso de Neuza Rosa licenciada em Jornalismo e Comunicação e que agora frequenta o curso TeSP em Animação Sociocultural Aplicada à Gerontologia. A aluna refere que por não se ter adaptado ao local onde fez o estágio regressou a Portalegre e começou a trabalhar. Contudo, recorda, ao ouvir falar destes cursos e por “gostar de desafios”, decidiu vir para cá novamente estudar.

Os TeSP permitem aos alunos ingressar, posteriormente, numa licenciatura ou num mestrado integrado através de concursos realizados pelas respetivas instituições de ensino superior, neste caso o Instituto Politécnico de Portalegre.

 

Autor: Isa Pinheiro

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