“Eles não querem saber de nós”: os desertos de notícias em debate

“Ecos de Silêncio no Jornalismo” foi o tema do debate que decorreu ontem no Auditório Abílio Amiguinho onde se discutiu a ausência de cobertura jornalística nos territórios do interior e os problemas que daí resultam. O debate contou com a moderação da estudante Marta Marques e com a intervenção do professor, investigador e jornalista, Giovanni Ramos; do investigador da Universidade da Beira Interior (UBI), Pedro Jerónimo; do jornalista do Jornal Alto Alentejo, Tiago Silva; e da jornalista da TVI, Ticiana Xavier.

O debate iniciou com o tema da falta de órgãos de comunicação social nas cidades e vilas do interior do país. Durante a apresentação, o conceito de deserto de notícias foi bastante discutido pelos convidados, que se refere aos concelhos sem órgãos de imprensa. Este é um tema urgente, como sublinha Pedro Jerónimo: “É importante falar nos desertos de notícias porque, se não falarmos neles, estaremos a ignorar um problema que precisa de respostas.”

Sobre este problema, Tiago Silva afirmou: “nós cidadãos temos direito de nos informarmos e sermos informados”. Giovanni Ramos acrescentou: “Os desertos de notícias é um paraíso para um presidente da câmara”.

Além da ausência de meios de comunicação em diversos territórios, foi realçada a existência de uma reduzida presença de jornalistas no interior. “Os jornalistas locais são poucos para chegar a todo o lado”, disse Ticiana Xavier.

Giovanni Ramos sublinhou o forte desinteresse por notícias de quem mora nestas regiões, com uma população maioritariamente envelhecida. Também Tiago Silva reforçou esta ideia dizendo que “a falta de interesse das pessoas é preocupante”. Isto resulta na falta de “massa crítica”, comentário feito por um dos elementos da plateia.

A ausência de investimento também foi considerada pelos intervenientes um problema para o desenvolvimento dos jornais locais. A maioria destes vive das receitas provenientes da publicidade de empresas da região, que cada vez são mais escassas devido à fragilidade do tecido económico local.

Num debate que ultrapassou largamente o tempo previsto, mostrou a relevância e importância da discussão desta temática.

 

Autores: Deniz Degerli, Daniel Santos, Camille Vizzoni e Madalena Barreiros 

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