Amiga ou inimiga? A inteligência artificial em debate no primeiro dia das Jornadas da Comunicação

A inteligência artificial aplicada ao setor da comunicação e do jornalismo foi o tema de abertura da semana de debates da 28ª edição das Jornadas da Comunicação. O debate, intitulado ‘E a inteligência artificial, vem-nos substituir?’, centrou-se nos pontos positivos e negativos provenientes da utilização da inteligência artificial na área da comunicação e como a mesma podia afetar o papel do jornalista na atualidade e no futuro.

O debate, que decorreu ontem no Auditório Abílio Amiguinho na ESECS, contou com as intervenções da investigadora do LabCom/UBI, Adriana Gonçalves; do consultor de marketing digital, Marco Gouveia; do cofundador e diretor da plataforma Shifter, João Gabriel Ribeiro; e do jornalista das revistas Visão e Exame, Gonçalo Almeida.

Como aspetos favoráveis, foi destacada a possibilidade de economizar tempo nas tarefas mais densas e consideradas “chatas” nas diversas áreas relacionadas com a comunicação. “Uma entrevista de 1 a 2 horas demoraria muito tempo a ser transcrita […] Com as tecnologias, conseguimos fazê-lo de modo mais rápido”, disse Gonçalo Almeida.

Já no que diz respeito aos aspetos menos favoráveis, estão problemas como a ética, a desinformação, as notícias fora de contexto, que representam um elevado risco para os leitores e podem prejudicar também a empregabilidade na área do jornalismo. Existe um enorme alarmismo em torno da mesma vir a extinguir o trabalho do jornalista, como sublinha Gonçalo Almeida ao dar o exemplo dos revisores de texto, que correm o risco de serem substituídos pela inteligência artificial.

A forma como a inteligência artificial trata as questões das minorias e preconceitos, tanto de género como raciais, foi outro aspeto negativo referido pelos oradores. Também a dificuldade em distinguir entre o que é produzido por ação humana ou por inteligência artificiai foi um dos problemas. “Se pedirmos ao Chatgpt para escrever um texto dificilmente alguém vem perceber se foi escrito por uma máquina ou uma pessoa”, disse Marco Gouveia.

Já João Gabriel Ribeiro disse que estaríamos a passar por uma fase de deslumbramento excessivo por estas novas tecnologias e a sofrer da “síndrome do objeto brilhante”, tal como aquela fase que passámos quando surgiram as redes sociais.

Todos os oradores concordaram que as ferramentas de inteligência artificial estão ainda em fase muito prematura e que havia ainda muito caminho pela frente.

 

Autores: Guilherme Marques e Madalena Barreiros

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