Fábrica da Tapeçaria parada devido à falta de encomendas

A diminuição da procura pela tapeçaria tradicional alentejana e o grande investimento que é necessário para as matérias primas são as principais causas apontadas para a suspensão do trabalho na Fábrica de Manufatura das Tapeçarias de Portalegre que já dura há três meses.

O valor das peças pode chegar aos 23 mil euros e isso tem gerado uma quebra nas encomendas. Para Fernanda Fortunato, funcionária da fábrica, o valor nem sempre é visto pelas pessoas pois muitas ignoram a complexidade que este trabalho envolve. “Quando alguém olha para uma tapeçaria vê apenas o pintor, mas esquece-se do trabalho de meses ou até mesmo anos que está por trás da obra de arte”.

O restauro das próprias peças tornou-se uma ajuda para resolver alguns problemas económicos da fábrica, mas isso não parece ser a solução a longo prazo. “Não estamos vocacionados para fazer o restauro das peças, mas sim para fazer tapeçaria”, refere Fernanda Fortunato.

O ofício exige muita técnica e um gosto especial. Carla Trindade, tecedeira da fábrica, afirma que “é preciso gostar daquilo que se faz, porque é uma profissão que requer muita paciência”. Para além de toda a experiência, são os vários processos que vão dar forma à tapeçaria. O primeiro procedimento trata-se da ampliação do desenho do artista para o papel de tecelagem. De seguida, e com uma variedade de cerca de 700 mil cores, é feito o estudo detalhado das mesmas comparando com o original, o que pode levar meses para a sua realização.

O alicerce de todo o trabalho está no tear, onde a concentração é fundamental para o progresso da tapeçaria. “É necessário saber fazer uma boa leitura do desenho para se conseguir chegar ao resultado pretendido” revela Carla Trindade.

 

Autor: Ofélia Lopes

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