Quase metade dos cuidadores enfrentam dificuldades económicas

“Melhorar a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias, confrontados com problemas de saúde que colocam em risco a vida.” Alexandre Martins, coordenador do Departamento de Ciências Sociais da ESECS, explica assim o conceito de cuidados paliativos, em jeito de introdução ao segundo dia de debates das I Jornadas de Serviço Social.

A aluna de mestrado em Gerontologia e Saúde na ESECS, Liliana Gonçalves, já esteve no papel de cuidadora informal. Como tal, direciona a sua intervenção para os impactos que os cuidados paliativos trazem à vida dos cuidadores. Destaca que “42% dos cuidadores estão em situação de carência económica”, uma vez que abdicam do emprego para se dedicarem aos doentes.

Muitas vezes, a sobrecarga e o stress levam a uma menor qualidade de vida por parte do cuidador, pois cabe a este o papel de “assistir nas atividades de vida diárias (higiene pessoal), suportar as atividades instrumentais da vida (limpeza da habitação) e proporcionar apoio emocional ao doente”. A convidada afirma: “É necessário capacitar o cuidador e promover o autocuidado para lidar com a problemática”.

Neste sentido, já foram apresentadas ao Governo medidas de apoio aos cuidadores informais e também propostas que alertam para a necessidade de aumentar profissionais em cuidados paliativos no Alentejo. Ainda assim, a demora na resposta aos pedidos de apoio que os cuidadores fazem às instituições competentes, nomeadamente a nível de serviços domiciliários, é um dos problemas associados aos cuidados paliativos. De acordo com Liliana Gonçalves, “a pessoa sente-se obrigada a ser cuidadora informal, quando este deveria ser um ato voluntário”. Acrescenta ainda que: “As pessoas que cuidam de alguém durante muitos anos, às vezes têm dificuldade em aceitar a intervenção de profissionais da área”.

Em representação do projeto “ETIC”, Alexandre Martins explica que se trata de uma investigação para aprender a “lidar com os desafios e a incerteza dos cuidados paliativos”, através do olhar de profissionais de medicina, enfermagem e serviço social. Michel Binet, docente da ESECS, realça “a importância de falar nas práticas profissionais que permitem fazer um estudo direto sobre os cuidados paliativos”.

Ricardo Silva, enfermeiro e representante da Comissão de Cuidados Paliativos, apresentou ainda o “Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos” e formações para profissionais que trabalham na área. O objetivo é “investigar, desenvolver e sensibilizar os profissionais de serviço social para os cuidados paliativos”.

Para finalizar o primeiro tema do dia, Alexandre Martins salienta: “Há uma evolução muito significativa no que toca às leis sobre os Cuidados Paliativos. No entanto, ainda há muito a fazer”.

Autores: Mariana Cortez e Sofia Dias Costa

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