O bordado com forma de viver

É literalmente no seu cantinho que Ana Palmeiro Nunes, com 73 anos, exerce o seu ofício e o ensina a quem a procura. Para a dona Ana, como é conhecida, o bordado e o artesanato fazem parte da sua vida há 26 anos. “O meu oficio é artesã, trabalho o artesanato. Tenho carta profissional, posso ensinar as pessoas a bordar ou a fazer uma renda. Posso bordar todo o tipo de trabalhos.”

A arte de bordar é uma tradição em vários pontos do país, mas em Portalegre, lamenta Ana Nunes, essa valorização do bordado não é feita. “Em Portalegre existiriam umas colchas bordadas a fio dourado ou a cores, mas muito poucos as viram”.

A dona Ana teme que um dia o bordado possa acabar. “Os jovens realmente não querem aprender e isto não é uma coisa que dê muito dinheiro”, lamenta.

Para a artesã, alguns jovens poderiam apostar nesta arte como forma de sustento, mas a verdade é que isso não está a acontecer. Ana Nunes lembra que deu muitos cursos de artesanato, “mas sempre a pessoas com mais idade”.

Isabel Salpico é uma delas. Hoje com 66 anos, aprendeu a bordar com a D. Ana há oito e ainda continua a visitá-la com frequência, para bordarem juntas. Conta-nos também que teve consigo alguns jovens a aprender. Uns por livre vontade e outros pela escola, através de cursos profissionais.

Ana Nunes já ganhou vários prémios em feiras, um pouco por todo o país, mas sente-se limitada pela cidade que, diz, nem transporte lhe oferece para poder mostrar a sua arte.  “Eu trabalho tenho, as pessoas gostam e vêm aqui. Agora o problema todo é que a nossa câmara não nos ajuda em nada. Por exemplo, eu para ir para uma feira de artesanato não tenho transporte e antes tínhamos o posto de turismo que nos dava apoio para lá irmos.”

Apesar das dificuldades e da idade, Ana Nunes garante que vai continuar a fazer aquilo de que gosta: bordar em Portalegre.

 

Autor: Soraia Nóbrega

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