“Pouco importa o tamanho da máquina se a fotografia nada informa”

Duas dezenas de alunos e professores da ESECS receberam novas ferramentas de trabalho nas áreas do jornalismo e da fotografia. A ação realizou-se, ontem, no âmbito de um Workshop de Fotojornalismo integrado no programa das XXI Jornadas da Comunicação. A formação foi ministrada pelo antigo aluno da escola e fotojornalista do do Correio da Manhã, Vítor Mota e também serviu para promover a discussão em tordo do fotojornalismo em Portugal.

“O fotojornalismo informa, não ilustra; complementa o texto da notícia, dá uma imagem gráfica.” Foi com esta ideia chave que o convidado deu o mote para a sessão sobre fotojornalismo. Vítor Mota defende que as fotografias de um fotojornalista não são fotos para emoldurar, mas para informar. Importa então perceber onde está a notícia na fotografia, que às vezes informa mais que o próprio corpo da notícia.

“Há muita informação, mas há poucas fotos”, diz o fotojornalista quando abordado sobre o plágio existente em blogs e algumas redes sociais que fazem a cópia integral de notícias de sites noticiosos oficiais para as suas páginas pessoais, tanto da parte escrita como das respetivas fotografias informativas. Isto é uma violação dos direitos de autor, cujas indemnizações estão estimadas entre os 30 e os 150 mil euros por publicação.

O trabalho de um fotojornalista, como o de um jornalista, está sempre condicionado por muitas variantes: quais os motivos e as condições em que foi tirada a fotografia? A pessoa fotografada autorizou? É de bom senso publicá-la? “A linha editorial tem um enorme peso na escolha das fotografias que são publicadas ou não, e o CM tem uma abordagem mais informal, direta e seca, mas que ao mesmo tempo tenta dar um lado humano à história”, explica Vítor Mota. E acrescenta: “somos responsáveis pelo que publicamos, mas, hierarquicamente, estamos sob a responsabilidade de alguém superior que é o editor.”

Um repórter de imagem é diferente de um repórter fotográfico na medida em que este último tem a vantagem de se poder movimentar. “Muitas vezes somos nós o filtro que protege as pessoas, com uma fotografia de costas ou uma imagem desfocada” esclarece.

Foi um workshop que contou com muita adesão, sobretudo dos alunos da comissão organizadora das Jornadas da Comunicação. Vítor Mota terminou com um conselho para todos os futuros jornalistas: “No jornalismo não há boas notícias; o jornalista é o tipo que corre para de onde toda a gente foge. Experimentem o máximo que puderem, sempre que puderem. Aprende-se muito com as pequenas histórias; ir para o terreno, falar com as pessoas. A melhor arma do jornalista é a capacidade de observação.”

 

Autor: Laurena Rocha

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