ESECS discute jornalismo local na Internet

“Hoje em dia, não precisamos de trabalhar para os outros, se gostam de alguma coisa, façam ou escrevem sobre isso” referiu João Canavilhas, professor da Universidade da Beira Interior, no encerramento da IV edição dos “Encontros de Jornalismo do Alentejo”, realizada nos dias 4 e 5 de dezembro no auditório da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais.

João Canavilhas é um dos principais investigadores portugueses sobre jornalismo online e móvel e interveio na sessão subordinada ao tema “O mobile como plataforma de futuro do Jornalismo”. O professor referiu que o telemóvel está cada vez mais no quotidiano dos cidadãos, por isso é preciso que o jornalismo encontre a melhor forma de potenciar esse dispositivo. Esse aproveitamento, defendeu Canavilhas, passa por várias questões, incluindo o modelo de negócio que permitirá sustentar o jornalismo nas plataformas móveis. Para Canavilhas, “hoje em dia, o que faz a diferença é a cabeça e não o equipamento”.

Os Encontros de Jornalismo do Alentejo realizam-se desde 2004 com o objetivo de criar um espaço para discutir o jornalismo nesta região do país. A edição deste ano contou com vários painéis de discussão.

O primeiro debate teve como principal objetivo falar dos novos média no espaço público local. Gil Batista Ferreira, professor da ESE de Coimbra e um dos principais investigadores portugueses na área dos novos média, afirmou que “apesar de termos várias noticias, na verdade, temos uma carência de verdadeiras noticias”. O professor comparou ainda o jornalismo tradicional com o atual, referindo-se a três dimensões que considera importantes: democracia deliberativa, democracia digital e o jornalismo publico.

“Os media regionais no ambiente Digital” foi o tema do segundo debate. Nele estiveram presentes dois alunos de mestrado em Média e Sociedade, Junior Lopes e Thayna Bressen da Silva que apresentaram a sua investigação com o título “A presença online dos jornais do Alentejo”, na qual abordaram o uso que os jornais alentejanos têm nas redes sociais, concluindo que essa presença se deve a questões de “modismo”.

No mesmo grupo de debate, Tiago Silva, ex-estudante da ESECS e jornalista do Alto Alentejo, afirmou que “na rádio não há tempo para tudo e que no jornal não há espaço para tudo”, enquanto que Joana Santos, jornalista do “Media Tejo” e também ex-estudante do IPP, comentou que hoje em dia, os jornalistas procuram entender o que o público quer e tentam adaptar a sua agenda a essas preferências. Joana Santos referiu também que as views, partilhas e gostos ajudam nessa procura. Para os participantes neste debate, o maior problema do jornalismo estar nas redes sociais é a falta de recursos humanos.

O último dia do encontro começou com a apresentação do trabalho da aluna de mestrado em Média e Sociedade, Joana Penderlico, no qual mostrou que os 47 municípios alentejanos não têm um uso regular das redes sociais, apesar de haver alguns que estão presentes no YouTube e Twitter. A ex-aluna e representante da GEEPP, que fez a promoção da feira de Emprego e Empreendedorismo, Liliana Pêgo, referiu que as redes sociais são muito usadas para “espalhar” o evento da Enove+ porém, continua a ser necessário partilhar fisicamente.

Autores: Ana Ventura e Alexandre Freitas

Foto: José João Maluco

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