Num país “suspenso” as salas de aula são online

Desde o dia 16 de março de 2020 que todos os estabelecimentos de ensino estão encerrados devido à atual pandemia de COVID-19. Face a esta medida, inúmeras escolas encontram soluções para a suspensão das atividades letivas, através de plataformas que permitam fazer videoconferência. Professores e alunos adaptam-se a esta nova realidade, para evitar que esta interrupção letiva se torne prejudicial ao percurso dos estudantes. O Politécnico de Portalegre também aderiu à alternativa de realizar aulas através de ferramentas digitais.

Os alunos de 3º ano do curso de Jornalismo e Comunicação encontram-se em fase de desenvolvimento do projeto final e demonstram alguma preocupação, por se tratar se fase definitiva do seu curso. Amanda Rosa afirma que só tem uma unidade curricular através deste novo meio alternativo e confessa que as aulas por videoconferência acabam por funcionar “na medida do possível”. No entanto, a sua maior inquietação passa pela elaboração do projeto – “por ter de adaptar a sua ideia inicial às condições que lhe são possíveis de momento”.

Luís Cardoso, professor no IPP, comenta que o surto veio trazer um conjunto de desafios – nomeadamente a tarefa de lecionar aulas não presenciais. Porém, afirma que na escola já se usam ferramentas online, em algumas aulas de mestrado, há alguns anos e que através do Zoom, “é possível manter uma interação com os alunos similar ao ambiente presencial”. E remata: “É possível fazer as coisas desta forma e que as palavras chave são compreensão, tolerância, solidariedade e trabalho em equipa”.

A Associação Académica do Instituto Politécnico (AAIP), realizou um estudo sobre o funcionamento das aulas, nesta fase particular. Diogo Aragonez, presidente a associação, explica que de acordo com o inquérito realizado a 215 alunos, apenas 9.2% consideram a solução das aulas on-line como “muito má”.  E 15.9% referem ser uma “má solução”, mas quase metade consideram que se trata de uma medida razoável. E 24.6% consideram a que é uma “boa medida”. Pouco mais de três por cento considera que esta é a melhor medida a tomar. A grande maioria dos questionados afirma não ter aulas a todas as unidades curriculares (existindo até casos onde não são lecionadas três de seis disciplinas). Apesar das opiniões se mostrarem aparentemente divididas, 91,8% dos inquiridos preferem aulas presenciais. Para Diogo, “a solução das aulas online era, e é, necessária para que o país não pare de todo e para que possamos ir avançando na matéria em diversas cadeiras, mas o que o inquérito nos transmitiu é que esta situação está longe de ser perfeita”. Este afirma que a falta de contacto entre professores e alunos dificulta imenso o processo de aprendizagem, mas enuncia como uma vantagem a afluência das aulas – “o ensino online faz com que existam cada vez

menos alunos a faltar às aulas, porque segundo alguns docentes, têm mais alunos a assistir agora por esta via do que antigamente nas aulas presenciais”. O aluno refere que a sobrecarga de trabalhos para os professores e alunos é muito maior – uma vez que os docentes necessitam de ter materiais para avaliação. Devido ao estado de emergência decretado no país, esta é a única alternativa passível para manter a atividade letiva.

 

Autores: Adriana Zeferino e Ana Klerk

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