Jornais do Alto Alentejo obrigados a mudar conteúdos e formas de financiamento

Em teletrabalho, com rotinas alteradas e preocupados com o futuro. É assim que estão João Alves e Almeida e Tiago Silva. Ambos trabalham em jornais locais. A pandemia de Covid-19 alterou as rotinas da comunicação social portuguesa e os órgãos locais não foram exceção. Em conversa com o JC.Online, João Alves e Almeida, do Linhas d’Elvas começa por dizer que “os jornalistas estão todos a trabalhar em casa, e só saem em caso de emergência”. Com as reportagens a serem feitas via telefone ou por outros meios o Linhas d’Elvas tem “procurado ter sempre coisas do trivial”, ainda assim, “neste momento tem sido o Covid19, ou tudo o que está relacionado com o tema”.

Em Portalegre, Tiago Silva afirma que, ainda assim, a situação atual está a revelar-se “um pouco difícil” para a redação do jornal Alto Alentejo. Na capital de distrito, os jornalistas da publicação só se encontram “às segundas e terças para paginação do jornal”, e o resto do trabalho é feito a partir de casa.

Numa altura em que o país parou, ambos os órgãos se viram obrigados a repensar os jornais em termos de conteúdos e financiamento. Em Elvas houve uma “redução drástica na tiragem” porque a “maior parte dos pontos de venda estão fechados”. Além disso, com poucos assuntos e para cortar nas despesas, “reduziram-se o número de páginas”. Já em Portalegre trabalhava-se muito “através de agenda, mas, de uma semana para a outra, ficou-se sem eventos”. Tiago Silva acrescenta: “é provável que as vendas caiam ainda mais e que o impacto financeiro vá ser sentido”.

Na tentativa de continuar a atividade da forma mais normal possível o jornal Alto Alentejo optou por “pensar noutro tipo de conteúdos”. Todas as semanas desenvolvem  trabalhos, como entrevistas ou artigos de opinião, sobre outros assuntos. Com estas mudanças os trabalhadores do periódico tentam não alarmar as pessoas.

Responsável pela direção do Linhas d’Elvas, João Alves e Almeida diz que “não é nada fácil arranjar alternativas” e que “gerir isto tudo com poucos meios económicos vai ser muito difícil”.

Enquanto profissionais do jornalismo de proximidade, João Alves e Tiago Silva têm um olhar comum. Ambos acreditam que os hospitais de Elvas e Portalegre não têm condições para receber muitos doentes de covid-19 em simultâneo. O responsável pelo Linhas d’Elvas salienta que os “hospitais têm de estar mais apetrechados” e o jornalista de Portalegre afirma a população “pode vir a sofrer na pela a falta de investimento”.

Apesar do estado de emergência em vigor, os jornais alentejanos tentam manter a normalidade..

 

Autor: João Buxo

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