A água abunda em todo o Universo, diz Rui Agostinho

Numa época em que há mais conhecimento sobre Universo, o fascínio pela vida extra-terrestre é bastante elevado. Rui Agostinho, astrofísico, não descarta essa hipótese e acredita que a água é abundante no Universo.

A ideia de que a molécula da água é abundante em todo o Universo foi uma das mensagens transmitidas ontem pelo professor do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Rui Jorge Agostinho na palestra “Os Recentes Desenvolvimento da Astronomia” que decorreu na Escola Superior de Educação no âmbito da Semana da Ciência e Tecnologia.

Dos elementos que têm reacções químicas, o hidrogénio e o oxigénio são os átomos mais abundantes em todo o Universo. Assim, “a água deve ser a molécula mais abundante, por isso pode existir vida noutros planetas”, destacou o conferencista.

“Porém, encontrar um planeta com água, não significa que exista vida. Por exemplo, se pegássemos no nosso planeta e o levássemos para a zona de Vénus a água evaporava, mas se fosse para a zona de Marte congelava, devido as diferentes temperaturas”, diz Rui Agostinho.
No nosso sistema solar, “não existe nenhum planeta, sem ser o nosso, com as condições necessárias para a existência de vida como a conhecemos. Contudo, pode existir vida debaixo do subsolo, mas debaixo do subsolo não se criam dinossauros”, acrescenta.

Das milhares de estrelas com condições adequadas para a manutenção de vida, tal como a conhecemos, “só 30% é que podem dar sustentabilidade à vida”, relata o astrofísico. Assim, “a comunidade científica faz escavações na Lua e em Marte para perceber em que condição pode existir vida”, conclui.

O avanço no conhecimento sobre o Universo começou no século passado com a expansão. Os estudos sobre galáxias, planetas, estrelas foram alargados e aprofundados. Assim, no século XX “há uma revolução no conhecimento do Universo, porque se começou a construir máquinas, telescópios com grande poder de observação”, afirma o professor.

“O telescópio marca uma mudança na tecnologia, porque permite ver coisas que a observação do céu a olho nu não permite. Já dizia Galileu, que com o telescópio viu estrelas que mais ninguém viu”, relata Rui Agostinho.

Neste momento, o Universo está em expansão, os planetas estão a afastar-se, as estrelas e as galáxias também. Com o telescópio Hubble, “começou a medir-se a velocidade das galáxias em relação a nós, e percebeu-se que as galáxias estão a afastar-se cada vez mais”, refere.
Com a expansão do Universo, e com o consequente afastamento dos planetas e das estrelas, a temperatura global do Universo está a diminuir, “se me convidarem para fazer esta palestra daqui a um milhão de anos a temperatura vai estar ainda mais baixa, porque a expansão continua. Vai-se chamar a isto a morte térmica do Universo”, menciona o físico. Destacando ainda que, “daqui a 50 mil anos, vamos entrar numa época glaciar”.
No entanto, “o Sol tem 4500 milhões de anos de vida. Só nessa altura é que explodir e absorver a Terra”, termina.

Portugal com pouca cultura científica

“A ciência e a cultura científica são temas actuais, contudo em muitos países, como em Portugal, há falta desta cultura. Nós não temos uma cultura científica, temos uma iliteracia científica”, refere Filomena Morgado, Presidente do Departamento de Ciência da Escola Superior de Educação de Portalegre.

Para Filomena Morgado, “não há tecnologia se não houver ciência, por isso os analistas políticos e os economistas dizem que o problema do nosso país é a produtividade, mas isso só se melhora se melhorarmos a inovação tecnológica”. Acrescentando que não percebe, “como é que um país que abandona a cultura e formação científica dos cidadãos, quer avançar na inovação tecnológica”.
A Semana da Ciência e da Tecnologia, “existe desde 2005, inicialmente com uma parceria entre a Escola Superior de Educação e a Biblioteca Municipal, e este ano com a associação Quercus”, diz a responsável da ESEP, Filomena Morgado.

A Semana de Ciência e Tecnologia começou no Dia Mundial da Ciência e vai prolongar-se até o fim do mês, com palestras, exposições e um recital de poesia.

José Janela, secretário da direcção do Núcleo da Quercus de Portalegre, menciona que “a Quercus já faz pelo terceiro ano os Encontros Ecológicos, em parceria com a Escola Superior de Educação. Porém este ano, os Encontros estão fundidos na Semana da Ciência e Tecnologia”. Além disso, “há também uma relação entre a origem do Universo e os próprios ecossistemas”, continua José Janela.