Fábrica de tapeçarias reabre ao público este mês

Foi preciso enfiar mais de vinte mil fios de algodão para que os teares gigantes fossem montados convenientemente. A mudança da fábrica de manufacturas de tapeçarias de Portalegre para o centro de Artesanato está quase concluída. Deverá abrir ao público este mês.

A fábrica de manufacturas de tapeçarias de Portalegre vai ser alojada no Centro de Artesanato, agora reconstruído, e deverá abrir ao público durante este mês.
Trata-se da primeira obra concluída na renovação de todo o eixo da Praça da República, recentemente restaurado para acolher uma das indústrias manuais mais ricas de Portalegre. Apesar de ser um “Centro de Artesanato”, este espaço visa apenas a manufactura de tapeçarias.

A montagem dos teares “gigantes” que fazem parte da fábrica foi uma das tarefas mais complicadas de fazer. Para o conseguir, as tecedeiras enfiaram fio a fio, nos buracos do tear, finas malhas de algodão. É um trabalho minucioso que requer sabedoria e muita atenção para se encadearem os mais de 20 mil filamentos.

Para Maria do Céu Ceia, que trabalha na fábrica há mais de 42 anos, “tudo o que aqui se faz desde a montagem do tear até ao fim da tapeçaria é tudo feito manualmente, o que requer muita experiência e instrução”.

A fábrica de tapeçarias, desde os anos 60, exporta os seus trabalhos para diversos pontos do mundo. O trabalho destas peças de arte são inspiradas em muitos pintores de renome nacional e internacional que, Fernanda Fortunato, responsável pela manufactura de tapeçarias de Portalegre, diz ser “uma vasta lista de nomes que não podem ser divulgados”.

A responsável adiantou ainda que é por esta razão “que todos os trabalhos que aqui são feitos são muito valiosos, têm um preço muito elevado, porque são peças de arte feitas à mão”.

O gosto pela tapeçaria e uma vida dedicada aos trabalhos manuais leva a que todas as tecedeiras se sintam satisfeitas com o trabalho que desenvolvem. A mais antiga trabalhadora da fábrica diz sentir-se “uma peça de museu nesta indústria”, relembrando que antigamente era muito diferente.

“Aprendíamos com as pessoas mais antigas e agora as operárias mais recentes já têm acções de formação para poderem trabalhar”, acrescentou Maria do Céu Ceia. Mas, mesmo assim, nem todas as pessoas têm habilidade e gosto por este tipo de trabalho. “A paixão tem que marcar presença”, referiu Gisela Figueiredo adiantando ainda: “o que mais me dá prazer é ver a tapeçaria a crescer e ver que o produto final está ao