Os média e a sociedade civil em debate

A relação entre os média e a sociedade esteve esta quinta-feira em debate, no auditório da Escola Superior de Educação, moderado por Sónia Lamy, professora da ESEP, para debater a “importância que reside na participação da sociedade nos média”.

 “Trabalho num jornal regional, mas as histórias estão em todo o lado”, comenta Bruna Soares, jornalista do Diário do Alentejo. Galardoada por cinco vezes por trabalhos na área dos direitos humanos Bruna Soares conta: “A minha experiência diz-me que tenho de sair para ir em busca das notícias. Toda a gente tem de seguir o seu caminho seja onde for. O jornalismo não está fechado. Há que agarrar as oportunidades e aproveitá-las, mostrar o que valem.”

Pedro Krupenski, diretor-geral da OIKOS, defende a importância dos media e dos jornalistas porque “é necessário mudar mentalidades. Há pessoas que não sabem os direitos que têm nem como reclamá-los.” A ligação das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) com os média é “um trabalho lento que necessita de aliados. Essa ligação é fundamental para transmitir o impacto das ONGD”.

Em situações de ajuda humanitária de emergência as pessoas “querem envolver-se generosamente nestas situações”, menciona Krupenski, referindo-se ao caso do tsunami de 2004, na Indonésia. “Mas falta de noção sobre o que se deve ou não fazer”, refere o diretor da Oikos sobre algumas doações feitas, sugerindo que podem ser os media a preencher esse espaço.

“É fácil encontrar notícias porque se passam coisas todos os dias”, referiu Bruna Soares criticando por outro lado algumas falhas na forma como é feita a comunicação: Todos os dias chegam centenas de press releases. A comunicação é que nem sempre é eficaz quanto à escolha de notícias”.

Sobre a legitimidade do uso de imagens chocantes de forma incentivar a sociedade a reagir em casos como a ajuda humanitária Pedro Krupenski responde: “Sendo diretor de uma ONGD, não acho que a imagem deva ser usada para chocar. Essas imagens podem ser usadas para fins alheios com fins lucrativos. É uma opção ética. Não vale tudo para atingir os meios pretendidos”.