"Temos de arranjar formas de ir ao encontro do público"

Representações teatrais, sessões de cinema, espectáculos musicais ou bailado são algumas das actividades que o Centro de Artes do Espectáculo poderá acolher. O vereador José Polainas fala dos atrasos da obra e dos projectos para o edifício.

[ESEP Jornal Digital] – O Centro de Artes do Espectáculo deveria ter sido inaugurado no passado mês de Fevereiro. A que se deve esse atraso e para quando está prevista a sua inauguração?
[José Polainas]
– Não conseguimos abrir as portas do Centro de Artes no mês de Fevereiro devido a atrasos na execução da obra. Neste momento estamos a tentar reintroduzir uma nova data que, em princípio, será na segunda quinzena de Maio. O facto de não entregarem a obra e ao não fazerem os testes técnicos obriga-nos a empurrar a abertura do espaço para uma fase que não conseguimos assegurar. Penso que os testes estão concluídos até meados de Abril, no entanto temos a programação toda estruturada até Maio de 2007.

[EJD] – O que há preparado para a abertura? Têm algumas actividades planeadas?
[JP]
– Sim, estão organizadas um conjunto de situações que podem vir a conjugar-se nessa fase. Será um espectáculo que poderá vir a ocorrer no dia 19 de Maio, com Yan Tercen, e outro espectáculo no dia 23 de Maio, que tem a ver com uma parceria que nós estabelecemos com a banda Euterpe e, consequentemente, a banda Euterpe com a Companhia de Dança de Lisboa. Este espectáculo vai ser apresentado uma única vez, só em Portalegre e tem a ver com a cidade de Portalegre.

[EJD] – Que tipo de iniciativas irá o Centro de Artes do Espectáculo, eventualmente, desenvolver?
[JP]
– O Centro vai ter actividades organizadas pela Câmara e, ainda, parcerias. O público vai poder assistir ao cinema, ao teatro, a concertos, entre outras realizações. Como já referi, até Maio temos tudo calendarizado, independentemente de podermos vir a receber outros espectáculos. O que posso adiantar é que no dia 9 de Junho apresentamos a Orquestra Metropolitana de Lisboa com a Maestrina Joana Carneiro, depois exibimos uma peça de teatro com o Nicolau Breyner. Em Setembro temos o Festival de Música do Mundo, durante quatro dias e às quintas-feiras há lugar para “As Noites da Quina das Beatas”, na sala polivalente. De facto existe uma quantidade de coisas a implementar que eu preferia, por enquanto, reservá-las para uma concretização mais em absoluto.

[EJD] – Qual será o horário de funcionamento do Centro de Artes do Espectáculo?
[JP]
– Ainda não sabemos. Tudo está planeado, no entanto vai depender muito da possibilidade de promovermos programação de uma forma contínua. Quer nós, quer as associações ou instituições que connosco trabalhem, passando também pela aceitação do público a um conjunto de eventos que nos “obriguem” a ter a sala aberta. Para nós seria bom ter o complexo aberto das 9horas às 2horas da madrugada. Agora vamos ver se conseguimos motivar as pessoas, os seus interesses e realizar um conjunto de actividades que nos permitem essa situação.

[EJD] – Para quantas pessoas tem o edifício capacidade?
[JP]
– O auditório pequeno tem 186 lugares e o auditório grande alberga entre 500 a 550 pessoas, mais ou menos. Isto porque se nós estivermos a utilizar o fosso da orquestra, consequentemente, não utilizamos essas cadeiras que correspondem a uns 40 lugares. Por último, a sala polivalente ou bar está projectada para uma média de 80 a 100 indivíduos. A arquitectura deste edifício é da autoria de Patrícia Leite.

[EJD] – O Centro de Artes vai disponibilizar de parque de estacionamento?
[JP]
– Em princípio vamos tentar utilizar o parque de estacionamento pago, que está no outro lado da rotunda. Pensamos em estabelecer aqui um compromisso que consiste em cativar as pessoas para os espectáculos, fornecendo um desconto no estacionamento. A solução passa por arranjar um tipo compensação que permita às pessoas, que frequentam o Centro, utilizar toda a estrutura do estacionamento a preços mais convidativos. Isto é uma ideia. Se ela depois poderá vir a ser implementada é o que vamos tentar ver.

É imperativo conquistar o público

[EJD] – Como é que caracteriza a população de Portalegre face à cultura? Porque ainda existem eventos que não decorrem por falta de público suficiente.
[JP]
– Pois, mas essa é a grande luta. É imperativo conseguir conquistar o público para qualquer tipo de arte. Para que se consiga manter uma casa aberta temos de arranjar formas de ir ao encontro do público, não perdendo a “singularidade” de que se trata de uma casa de cultura e é um espaço que se tem de fazer para estar aberto.

[EJD] – Que a longo prazo pode vir a dinamizar…
[JP]
– Exactamente, todo um conjunto de situações. Aliás, nós até estamos à espera que o próprio público seja potencialmente dinamizador de algumas actividades. É lícito que alguém me venha propor uma parceria para realizar qualquer tipo de evento. Por exemplo, um grupo de jovens que faz teatro amador pode usar a sala para apresentar a sua peça. Neste sentido, só precisa solicitar o espaço com um projecto concreto. Estou disponível a tudo, conquanto seja executável e dirigido para alguém.

[EJD] – Qual seria a melhor política para atrair público ao Centro de Artes?
[JP]
– Não há uma melhor política. Tudo vai depender muito essencialmente do povo. Nós vamos tentar oferecer um conjunto de eventos transversal às pessoas, aos seus gostos, não elitista, não redutor, mas que abranja toda a população. Agora vamos ver como a população responde. Sendo que, não há uma varinha de condão para estas tradições culturais. Aliás, não há aqui nem noutro lugar. Dificilmente nós iríamos “descobrir o ouro”. Vamos ver…