A outra morte de Arafat

Para a história de Arafat registam-se duas dúvidas: porque é que nunca conseguiu refrear os ímpetos dos seus militantes mais radicais, nem estabelecer um acordo de paz para o povo palestiniano.

Yasser Arafat faleceu oficialmente a 11 de Novembro de 2004. Mas, há já algum tempo que o líder palestiniano deixara de ser interveniente válido para uma hipotética solução no grave conflito que se arrasta no Próximo Oriente.

Não foram agradáveis os últimos tempos de vida de Arafat: o cerco dos tanques israelitas a Ramallah, representou uma ameaça permanente, mas, sobretudo, uma humilhante demonstração de força, que reduziu drasticamente a capacidade de manobra de Yasser. Algemado e amordaçado no seu bunker sentiu que a sua vida dependia, segundo a segundo, da vontade de Sharon. Pela cabeça do fundador da OLP devem ter passado, então, todas as oportunidades goradas para estabelecer um acordo de paz com Israel, nas quais ele fora parte directamente implicada. E já ninguém acreditava ser ainda possível sentar à mesma mesa Sharon e Arafat, neste actual cenário de violência incontrolada.

Para a história de Arafat registam-se duas dúvidas: porque é que nunca conseguiu refrear os ímpetos dos seus militantes mais radicais, nem estabelecer um acordo de paz para o povo palestiniano. E afigura-se tarde para apurar se aquele que agora foi sepultado com honras de chefe de estado, esteve alguma vez interessado, em que qualquer destes factos se consumassem.