Candidatos à AE apresentam lista de prioridades

Com as eleições para a Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação à porta, o ESEPJornal foi saber quais os principais projectos das listas concorrentes. Numa entrevista que reuniu os três cabeças de lista: Eduardo (lista E), Mário (lista M) e Adelino (lista A) são abordadas questões como as propinas ou as condições do refeitório da escola. As prioridades dos candidatos, na primeira pessoa.

O facto de já teres feito parte da AE como tesoureiro, tal como os outros dois candidatos, e visto terem já algum conhecimento de como as coisas funcionam, faz com que tenhas mais vontade de vires a ser presidente?
Eduardo - Não. O que me dá vontade de vir a integrar uma lista que presida a AE é o facto de achar que a escola, tal como a comunidade em geral de Portalegre, está apática. A escola não se faz só de actividades lectivas, há uma série de actividades paralelas ás actividades lectivas, e é necessário que haja alguém para promovê-las e a AE também está cá para isso. Para além disso, sinto que nos últimos tempos têm sido pouco defendidos os interesses dos alunos, e é preciso que haja voz para eles, não podem só os estudantes por si próprios, cada um sozinho a tentar reivindicar os seus direitos. O que não tem a mesma força do que se for uma associação que se quer que seja de todos os alunos, porque todos os alunos são membros da associação e há pouco essa ideia.
Adelino - Sim.
Mário - Ter estado na AE enquanto tesoureiro acho que não foi o principal ponto de desenvolvimento. Quando lá estive como parte do conselho fiscal acho que aprendi muito mais do que aprendi enquanto tesoureiro, no entanto, por já lá ter estado dentro dá-me mais visão de como é que a AE funciona, sou um bocadinho mais realista dentro da lista do que as outras pessoas porque possuo uma visão de como é que as coisas realmente trabalham.

As diferenças

O que é que achas que a tua lista tem, que as outras não têm?
Mário : Tendo em conta aquilo que disse antes, nós não estamos a prometer nada que não possa ser feito, podemos não estar a apontar grandes objectivos, mas estamos a apontar objectivos que passam principalmente, por uma reestruturação da AE, que está bastante mal neste momento a nível financeiro e a nível de imagem. Apostamos em primeiro recuperar a AE e a partir daí começar a desenvolver actividades mais apelativas. Neste momento, essa recuperação passa por chamar os alunos a trabalhar com a AE, ou como eu prefiro dizer, chamar os alunos para trabalhar com a direcção da AE, porque como todos devem saber, à partida todos os alunos da escola fazem parte da AE. Eu como candidato só quero ser a direcção. A imagem de que a AE é um “grupinho” tem que desaparecer. Depois queremos que os alunos trabalhem connosco e a partir daí acho que se pode fazer muita coisa em conjunto.
Eduardo - A nossa lista tem uma série de departamentos que escolhemos por áreas que achamos que devem ser desenvolvidas. Dentro dessas várias áreas, quase tudo tem estado parado. Temos a área da cultura, que precisa de ser desenvolvida, porque como já disse, a escola não são só actividades lectivas, a formação dos indivíduos não se faz só de aulas, isto é uma das coisas que queremos fornecer, e que não só no departamento da cultura como também no departamento de desporto. Para além de termos outros departamentos que também zelam pelos direitos e pelos apoios aos alunos, como o departamento de acção social e o departamento de apoio académico, que são dois departamentos que vão tentar que os direitos dos alunos sejam defendidos e que todas as facilidades que possam ser veiculadas pelas actividades da AE venham a facilitar o trabalho ou o desenvolvimento das actividades dos estudantes.
Adelino - A única coisa que temos a mais que as outras listas é o facto de existir uma preocupação geral com todos os alunos.

O refeitório

Como já deves saber há algum descontentamento dos alunos em relação ao bar e ao refeitório, estão a pensar em algo para mudar a situação?
Mário - O bar e o refeitório estão a ser trabalhados por uma companhia que já está na escola há algum tempo, que já teve problemas. Eu estava na AE quando ocorreram esses problemas. Eu não conheço exactamente os problemas, a raiz dos problemas que lá estão neste momento porque não faço parte da AE. Caso seja eleito, primeiro que tudo quero fazer um levantamento dos problemas que o refeitório está a dar para depois poder agir correctamente. Sei que as coisas estão mal e vão ter que mudar, mas primeiro quero saber a razão exacta do porquê as coisas estarem mal , para saber onde mexer para mudar.
Eduardo - Se não estou em erro o bar e a cantina estão a ser geridos pela mesma empresa. É uma empresa privada que ganhou um concurso feito pela escola. Penso que o concurso é do ano passado, e tal como já tínhamos feito há alguns anos atrás foram tomadas medidas para que se melhorassem as condições. Nessa altura elas resultaram, por isso não vejo razão para não resultarem agora. Pode haver pressão e como é evidente, uma empresa que tenha interesse em ficar cá, não vai com certeza sentir-se bem sabendo que há um grupo de pressão dentro da escola contra ela. Quanto ao bar sabe-se que o atendimento tem sido extremamente lento e penso que isso se deve ao facto de as pessoas que estão a trabalhar no bar não terem especialização ou preparação para trabalhar naquele tipo de ambiente, provavelmente foram pessoas que vieram de uma cantina, que é um trabalho completamente diferente. Penso que será preciso esperar algum tempo para ver se as coisas melhoram e entretanto se não melhorarem iremos pressionar tal como foi feito na questão da cantina, para que haja uma melhor gestão do espaço do bar, para que se possa servir em condições os alunos.
Adelino - Em relação a isso, mas principalmente em relação ao bar, pois existem queixas devido à demora das funcionárias. Ninguém tem em causa as dificuldades que aquelas duas senhoras passam ali durante o dia inteiro, portanto, nós já contactámos o gerente da empresa e ele diz que por falta de meios não consegue pôr ali mais ninguém. É um assunto que a actual AE já está a tratar com os órgãos directivos desta escola.

A Internet

Tal como em relação ao bar e ao refeitório, também existem muitas reclamações dos alunos em relação à falta de Internet na escola, há planos para mudar isso?
Mário - Isso é fácil de fazer porque apesar de a maior parte dos alunos não saberem, todos os computadores da escola estão ligados em rede e por isso todos têm Internet, basta o responsável por esse assunto autorizar cada computador a aceder à Internet. Se houver uma pressão por parte, não só da direcção da AE mas dos alunos em geral, perante o conselho directivo, conseguirá uma autorização para que mais computadores sejam ligados à Internet. Isso não implica fundos nem por parte da escola nem por parte do alunos.
Eduardo - As questões ligadas à Internet estão também previstas. Fazem parte das questões ligadas ao departamento de ciência e tecnologia informática. Está previsto dialogar com a escola a possibilidade de, existirem mais computadores ligados à Internet, existirem mais terminais fixos à disposição dos alunos, para poderem ligar os portáteis à rede escolar, coisa que neste momento só é possível para quem tenha placas de rede wireless, e essas placas são caras. Por isso, o que pensamos fazer é negociar com a escola a possibilidade de haver esses terminais ou então serem emprestados ou alugados durante algum tempo para as pessoas poderem aceder a esse serviço. As condições de Internet como disse, neste momento a questão da velocidade já não se põe tanto. Melhorou bastante, mas continua a existir o problema de existirem poucos computadores e isso terá que ser negociado com a escola, porque essa possibilidade existe mas está previsto e faz parte do nosso programa.
Adelino - É preciso não esquecer as dificuldades existentes a nível financeiro, seja por parte da AE, seja da parte da escola, ou atá a nível do apoio do governo central. Portanto esse tipo de questões só podem ser respondidas após várias reuniões e sessões de trabalho para que melhoremos nesse sentido. Não vos vou dizer que faço e que aconteço quando pode não ser possível.

As listas

Qual foi o critério de selecção utilizado para a escolha dos elementos da lista?
Mário - Como já devem ter reparado, na minha lista há apenas duas ou três pessoas que têm mais imagem dentro da escola. A lista passa por muita gente à partida desconhecida mas que já mostrou que trabalha quer seja na oposição à AE quer em órgãos como o conselho pedagógico ou demonstraram interesse estando presente nas RGAs ou AGAs e isso para mim foi o mais importante: o facto dessas pessoas já terem mostrado trabalho. Podem não ter uma cara que toda a gente conhece mas se já mostraram serviço no passado mais fácil será trabalharem agora.
Eduardo - Os elementos da lista foram escolhidos entre as pessoas que manifestaram interesse em desenvolver trabalho nas diversas áreas, correspondentes aos vários órgãos da associação. Há pessoas que são apenas colaboradores e que não podem disponibilizar tanto tempo mas de qualquer maneira estão interessadas em trabalhar. Depois há o núcleo da lista, que são as pessoas que vão ser eleitas, que se responsabilizaram e que tal como eu estão preocupadas com estes assuntos e cada um na sua área demonstrou um interesse e um empenho em desenvolver, incluindo algumas das pessoas que já desenvolviam algumas actividades nestas áreas, muitas vezes até em actividades extra escola, mas que já participaram nestas coisas. Foi este o critério de escolha, para além de claro ser uma equipa que tem algum entrusamento e que à partida vai poder trabalhar bem uns com os outros, porque isso também e importante.
Adelino - Gente que trabalha, principalmente

As propinas

Em relação às tão faladas propinas, o que estão a prever fazer, se é que estão a prever fazer algo?
Mário - Eu sou contra as propinas como elas estão neste momento mas não sou contra a intenção que as propinas têm e essa intenção é que os alunos paguem para ver o seu instituto e a sua escola desenvolvidos. Eu acho essa ideia bastante boa, até porque aquela questão de que há alunos que não podem pagar, isso é muito subjectivo porque a bolsa mínima tem por obrigação cobrir o valor total das propinas. Se o dinheiro das propinas for bem aplicado, possibilita um desenvolvimento da escola bastante grande e eu nesse ponto, caso seja eleito, vou lutar junto do conselho directivo para que se faça pressão sobre o instituto para que as AEs tenham direito a uma percentagem desse valor. Acho que não seria nada descabido ser entregue à AE um valor na ordem dos 5%, que seria empregue pela AE para desenvolver actividades com os alunos e isso seria estar a desenvolver a escola.
Eduardo - Uma das propostas de trabalho da direcção da AE, e que não foi divulgada no programa eleitoral é exactamente manter-se atenta às políticas educativas e governamentais, e em tudo o que possa vir a afectar a vida e o desenvolvimento da carreira dos estudantes. Esse estar atento passa não só por saber o que é que se passa, como informar os alunos do que é que se está a passar e promover tudo o que for necessário, consoante a posição que se tomar em relação às condições actuais. Quanto às propinas, não concordamos com o aumento, achamos que é um aumento feito às cegas, tal como a maior parte das políticas educativas que têm sido seguidas por este governo. Por isso é preciso continuar a negociá-las, até porque o meio académico está por vezes um pouco distante do resto da sociedade e nem sempre o resto da sociedade percebe o que se passa. Às vezes as coisas são deixadas de lado e por isso é preciso que haja uma voz que, reunindo os interesses de todos os alunos se faça ouvir perto dos órgãos competentes.
Adelino - A partir do momento em que a lei foi aprovada por 90% dos alunos que já pagaram as propinas, qualquer forma de reivindicação é impossível, isto no sentido de realizar alguma coisa ou no retrocesso da lei. Estamos a tentar estabelecer junto com os órgãos do poder local um conjunto de parcerias para que todas as informações e todas as reivindicações cheguem o mais rápido possível e da melhor forma possível à sra. Ministra ou a Lisboa.

As expectativas

Quais são as tuas expectativas ? Estás optimista em relação às eleições?
Mário - Sinceramente eu acho que temos 50% de hipótese. Eu sinto-me optimista até porque tudo aquilo que nó fizemos até agora está a seguir uma linha que foi traçada de inicio e está a conseguir atingir-se, por isso é que estou optimista em relação às eleições mas para além do optimismo gosto de ser um bocadinho realista e essa questão faz com que pense que temos cerca de 50% de hipótese de ganhar.
Eduardo - Eu acho que sim. Os alunos têm reagido bem à campanha. Já há algum tempo que não se via tanto associativismo, e acho que isso é bom porque na maioria dos anos tem existido só uma lista e isso é mau para a escola e para os alunos, mas acho que as reacções têm sido boas. Não posso, como é evidente, estar a dizer que sei que vou ganhar ou não, não fiz nenhuma sondagem, não tenho essa percepção. Penso que as pessoas estão alerta e que já perceberam que as pessoas na lista estão empenhadas, querem trabalhar e estão realmente lá, porque há propostas de trabalho e porque há alguma coisa palpável para desenvolver.
Adelino - Eu quero é que os alunos votem naqueles que acharem melhor, naquilo que pensam ser o melhor para a escola, para eles e para a sobrevivência do nosso estabelecimento de ensino.

Para finalizar queres deixar uma ultima mensagem aos alunos ?
Mário - Eu quando me meti neste projecto tinha como principal objectivo “mexer” um bocado as mentalidades. Chamar a atenção, porque havia muita apatia na escola. Esse objectivo já está parcialmente atingido porque ouve-se falar das eleições e ouve-se falar nas listas, por isso é que considero que em parte já atingimos uma parte desse objectivo. Há um interesse visível por parte das pessoas. Agora apelo para que as pessoas votem em consciência, vão ter um dia de reflexão, na terça-feira não vão ser sujeitos a qualquer tipo de campanha. Vejam bem todas as propostas, há propostas que até podem ser apelativas mas são verdadeiramente impossíveis de atingir, pelo menos nos próximos tempos. Pensem bastante bem e não votem por conhecer as pessoas, votem por aquilo que as pessoas estão a tentar fazer.
Eduardo - O apelo que faço é o mesmo que temos na nossa página da Internet e é: votem em consciência, porque votar nem sempre é votar nos amigos, nem sempre é votar nas caras conhecidas, é preciso que se saiba que estão lá pessoas que vão promover o nosso trabalho, que vão tentar melhorar as nossas condições, mas é preciso também tentar encontrar a melhor equipa e nem sempre isso é fácil. O que peço às pessoas é que tentem avaliar aquilo que lhes foi mostrado durante a campanha. Do empenho que foi mostrado pelas listas. Tentem decidir e tentem descobrir qual será a melhor lista, aquela que se vai esforçar mais em relação a todas as questões que tiverem a ver com os alunos.
Adelino - Que votem, que votem com seriedade e que pensem na capacidade de trabalho das pessoas.