Media portugueses longe da realidade espanhola

A sessão sobre os sistemas mediáticos ibéricos levantou questões pertinentes sobre a clivagem existente entre os meios de comunicação de Portugal e de Espanha.

Decorreu na tarde de quarta-feira, no âmbito das XIII Jornadas da Comunicação, um debate sobre os sistemas mediáticos ibéricos. Cesário Borga, ex-correspondente da RTP em Madrid e José Nobre Correia, professor na Université Libré de Bruxelles, abordaram as principais clivagens do jornalismo em Portugal e Espanha.

Para Nobre Correia, Portugal possui um sistema mediático unilíngua e centralizado, enquanto que o espanhol é plurilíngua. O professor afirmou que “os diários nacionais espanhóis têm 6, 7 ou 8 edições regionais, enquanto que a prática regional em Portugal quase não existe.”

Referindo-se à sua experiência profissional, Cesário Borga salientou que “Portugal e Espanha se diferenciam por tudo o resto e não só pelos meios de comunicação.” E acrescentou que no país vizinho é necessário ler-se mais do que um jornal para se estar a par da actualidade, ao contrário do que acontece em Portugal: “Os jornais espanhóis têm redacções grandes e boas. Todos os dias publicam um suplemento por todas as regiões, como é o caso do El País.”

Respondendo a um aluno, Nobre Correia afirmou que “os media espanhóis têm uma maior estrutura para se implantarem, bem como um maior poder em termos linguísticos. Existe uma ambição espanhola que não existe em Portugal”. Cesário Borga acredita que para Portugal se aproximar do sistema mediático espanhol “tem de haver capacidade para que se sinta a presença portuguesa noutros países”. Mas o ex-correspondente não encontrou colegas espanhóis com recursos técnicos superiores aos que têm os jornalistas nacionais, “esses meios são semelhantes”.