Encontradas ossadas humanas nas obras do Largo de Santo Agostinho

As escavações para a requalificação do Largo de Santo Agostinho, em Portalegre, desvendaram um conjunto de ossadas humanas. Pouco se sabe acerca dos ossos encontrados. Os arqueólogos e antropólogos estão agora a fazer o levantamento dos ossos para estudos posteriores. A obra está parada.

Os técnicos da empresa de arqueologia ALCRIMIRA e a STIX, empresa de antropologia de Coimbra, estão a estudar as ossadas humanas descobertas no Largo de Santo Agostinho, em Portalegre, durante a abertura de valas para a colocação de novas tubagens de água.

“Cada vez que se trabalha num centro histórico, o Instituto Português de Arqueologia (IPA) envia um antropólogo para que este registe tudo aquilo que é encontrado. O IPA considerou que as ossadas tinham interesse histórico e por isso as obras pararam por tempo indeterminado”, referiu Arnaldo Silva, técnico de Gestão de Intervenção do Programa Polis.

Segundo o arqueólogo Rui Lourenço, os achados, que provavelmente estão relacionados com o antigo Convento de Santo Agostinho, estão muito destruídos.
“Nós julgamos que esta terra já foi remexida e portanto, os ossos já não estão em conexão. Temos apenas um emaranhado de ossos completamente descontextualizados”, acrescenta.

As primeiras impressões da antropóloga Teresa Fernandes, que visitou o local do achado, indicam que as ossadas poderão corresponder a uma mulher, por ter sido encontrado um osso coxal (da zona da bacia), que apenas as mulheres têm.
As análises osteológicas, que irão ser feitas em Coimbra, deverão confirmar, além do sexo do sujeito, a idade que tinha quando morreu e as patologias.

“Nós já encontrámos dentes, que são uma peça fundamental, porque conseguimos ver não só a idade dos indivíduos, como também o número de cáries, o tipo de dieta, o tipo de alimentação e se eles tinham algum tipo de tratamentos”, referiu a antropóloga.

Júlia Miguinho, arqueóloga, acrescenta que “conseguimos fazer este tipo de aferições para tentarmos traçar como seria a população na altura”.
O local encontra-se isolado, e os técnicos procuram agora ossos repetidos que confirmem a presença de várias pessoas.