ESEPJornal 10 Anos: Projetos universitários levam a teoria escolar à prática profissional

Os projetos de jornalismo universitário desenvolvidos nos cursos de comunicação social proporcionam aos alunos o contacto, ainda durante a sua formação, com a prática do jornalismo. À semelhança do curso de Jornalismo e Comunicação da ESEP, existe um pouco por todo o país projetos semelhantes ao ESEPJornal. Um dos exemplos é a UTAD TV da Universiade de Trás-os Montes e Alto Douro.

“A UTAD TV surge como forma de permitir aos alunos de Ciências da Comunicação da UTAD um laboratório prático de jornalismo televisivo” explica João Simão, diretor de informação da UTAD TV.

Este é um dos projetos mais “carismáticos” que é desenvolvido nesta universidade pois não é visto como uma obrigação escolar mas como uma paixão, uma entrega por parte dos alunos.

“Muitos dos alunos que fazem semanalmente os programas da UTAD TV fazem-no de forma extra curricular apenas porque veem a importância das competências adquiridas com essa participação” considera João Simão. O professor acrescenta ainda que “a participação e a colaboração dos alunos nestas evoluções é muita e sempre estimulada” pois nas férias que se seguiram ao anterior semestre a linha gráfica do programa foi toda renovada.

“A UTAD TV começa a ser um ponto de informação e de divulgação”.Prova disso são os contactos direcionados à UTAD TV, contactam-na “não só para a cobertura noticiosa semanal mas também para coberturas mais exaustivas dos eventos” explica João Simão.

“Podemos dizer, com orgulho, que somos a única universidade com jornal televisivo em direto, o que nos confere uma carga de maior responsabilidade” refere Ana Maria Silva, aluna do 2º ano de Ciências da Comunicação da UTAD. No seu entender, os projetos universitários são imprescindíveis para uma boa compreensão da vida jornalística. “ É um excelente contributo para adquirirmos competências essenciais à nossa base de formação. Aprendemos a lidar com a pressão do tempo, de acontecimentos constantes que têm de ser levados ao público quase de forma instantânea”. É a ideia da falta de tempo que mais atormenta os jovens jornalistas porém estes projetos universitários servem para enfrentar os seus medos e ganharem uma maior confiança no seu trabalho.

“Trabalhar num projeto escolar traz ainda benefícios a nível futuro e faz-nos sentir ativos na universidade”. Ana Maria Silva defende que estas iniciativas são uma mais-valia para o seu desenvolvimento profissional, admitindo já ter recebido propostas de projetos individuais e adquirido contactos que lhe serão essenciais no futuro.

É preciso sair dos muros

Duarte Dias, licenciado em Ciências da Comunicação na UTAD apresenta uma outra visão da realidade denunciando brechas nos projetos universitários. “Acontece que devido a diversos fatores, o jornalismo universitário acaba, muitas vezes, por não sair dos "muros" da universidade, constituindo um mercado fechado e sem grande visibilidade exterior”.

Apesar desta sua perspetiva, defende a participação neste tipo de iniciativas. “Quem tiver a possibilidade de participar e criar projetos universitários que aproveite todas as oportunidades e condições que lhe são oferecidas, pois será, com certeza, uma mais-valia no seu futuro profissional e só assim poderão adquirir o “know how” para se  distanciarem e fazer evoluir o jornalismo em Portugal para patamares de responsabilidade e rigor, muitas vezes desprezados”. 

"Quem é capaz de fazer muito com pouco, melhor será quando tiver muito à sua disposição", refere Duarte Dias. O fato de ser um trabalho universitário não invalida um mesmo empenho que num trabalho profissional pois o tratamento da informação deve ser universal e a inocência com que os alunos tratam a informação pode ser, muitas das vezes, uma vantagem.

Questionado sobre a sua experiência enquanto aluno universitário e a sua visão atualmente enquanto licenciado, Duarte Dias defende que “os benefícios são vários e todos positivos. Desde logo porque me preparou para o mercado de trabalho. Não estando propriamente a trabalhar em jornalismo e a fazer jornalismo especificamente, consegui oferecer serviços à minha entidade patronal que eles não tinham e que teriam de contratar. Os projetos universitários serviram exatamente para adquirir esses conhecimentos e a prática que muitas vezes os cursos tanto desprezam”.