O Alentejo raramente é notícia nos jornais nacionais

“O Alentejo enquanto valor-notícia” é o título do estudo que revelou que o Alentejo só é notícia quando acontecem crimes e acidentes. Integrado no I Encontro de Jornalismo do Alentejo, o estudo foi debatido por jornalistas que trabalham como correspondentes em jornais nacionais.

O estudo “O Alentejo enquanto valor-notícia”, apresentado no dia 28 de Abril na Escola Superior de Educação de Portalegre (ESEP), concluiu que a região alentejana raramente é noticiada nos jornais diários nacionais. A investigação, apresentada por Luís Bonixe e elaborada com o auxílio dos alunos do curso de jornalismo e comunicação, teve como objectivo a caracterização da forma como a imprensa escrita, de âmbito nacional, trabalha os acontecimentos que ocorrem no Alentejo.

Integrado no I Encontro de Jornalismo do Alentejo, organizado por docentes e alunos do curso de jornalismo e comunicação, a apresentação do estudo foi completada com um debate onde estiveram presentes os correspondentes Antonieta Félix, do Jornal Público, Hugo Milhinhos, do Jornal de Notícias e

Madalena Lino da delagação do Correio da Manhã em Évora.
O trabalho de pesquisa procurou dar resposta a várias questões, tais como o espaço reservado ao noticiário do Alentejo, as razões que levam um acontecimento a ser publicado, o tipo de trabalho realizado pelos correspondentes e a relação existente entre o Alentejo real e o Alentejo que é dado a conhecer na imprensa escrita. Foram analisadas 316 publicações dos jornais Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público durante vários meses entre 2001 e 2003. Durante esse período surgiram 535 textos jornalísticos que relatam acontecimentos da região, dos quais apenas 11 apareceram na primeira página.
Entre outras conclusões, constatou-se que dos distritos da região alentejana, Évora é o mais relatado, enquanto os crimes e os acidentes são os assuntos mais correntes. Os textos jornalísticos, surgidos principalmente no jornal Correio da Manhã, são geralmente relatos curtos e surgem sempre nos cadernos locais e regionais.

Antonieta Félix referiu que a observação aborda "questões muito complexas que não podem ser analisadas estaticamente ou só a nível de percentagens". Mencionou também que "quem está no terreno pode-se interessar mais ou pela temática social, cultural ou política e isso influencia muito os trabalhos."
A importância das delegações regionais e o aumento do número de correspondentes numa área vasta como o Alentejo, foram dois dos assuntos colocados à mesa por parte da plateia.

No final do debate, Luís Bonixe referiu que os alunos ganham com este tipo de iniciativa e ainda acrescentou “nós já temos um segundo estudo preparado, as condições dos jornalistas de rádio do distrito de Portalegre”.