Portugal abaixo da média no ranking da ciência

A não aplicação de um modelo de ensino simples é uma das causas para Portugal estar na cauda da Europa quanto ao conhecimento científico. A opinião é de Carlos Fiolhais, professor na Universidade de Coimbra, que recentemente deu uma conferência em Portalegre.

“Existe uma má relação entre a escola e a ciência” considera Carlos Fiolhais, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que na última semana esteve em Portalegre para a conferência “Batatas e Maçãs: Despertar para a Ciência no Jardim de Infância e Escola Primária”.

Carlos Fiolhais afirmou que aquela situação se deve muito em parte às ciências rudimentares que são aplicadas nas escolas. O professor apontou o dedo aos governantes por não apoiarem um “ensino simples” e sustentando que “deveria ser aplicado quando as crianças são novas pois a sua curiosidade está mais aguçada”.
Esta situação foi apontada como causa principal para a fraca posição de Portugal no ranking de conhecimento científico mundial, sendo superado por países como Letónia e Hungria que pertencem à União Europeia há pouco tempo.

Definindo o nível científico nacional como preocupante, Carlos Fiolhais aponta o exemplo dos países mais ricos para criticar o governo português na medida em que esses países investem na sua ciência buscando uma relação de causa/efeito, e “em Portugal a ciência só é feita se os cidadãos a pagarem”.

Aula divertida

A conferência, realizada no auditório da Biblioteca Municipal de Portalegre, esteve inserida no Ciclo de Colóquios “Despertar para a Ciência” e contou com cerca de uma centena de crianças oriundas de várias escolas primárias de Portalegre, alunos e professores da Escola Superior de Educação de Portalegre.

Numa espécie de nota introdutória, o vereador da Cultura, Luís Pargana salientou que o colóquio não seria “mais do que um género de aula para alunos do 4º ano”, que pretendia demonstrar como a “ciência pode ser divertida” tendo por base pequenas experiências cientificas utilizando batatas e maçãs.

Através de pequenas brincadeiras e interacção com as crianças presentes, Carlos Fiolhais acabou por dar uma lição fundamental de ciência, tal como aquelas “que deveriam ser dadas nas escolas”.

O professor da Universidade de Coimbra fascinou as crianças aplicando apenas alguns cortes em maçãs e batatas que foi mergulhando num recipiente cheio de água de forma a demonstrar a teoria da densidade dos objectos. Carlos Fiolhais não terminou sem afirmar que os “cientistas são crianças” e o “ensino da ciência pode ser muito simples mas educativo”.

O ciclo de colóquios “Despertar para a Ciência” continua no próximo dia 5 de Maio com o tema “As Aventuras da Água do Mar nos Subterrâneos do Oceano”.