"A Associação não tem dinheiro nenhum"

Reorganizar a Associação de Estudantes da ESEP é a principal prioridade do recém eleito presidente Eduardo Cheis. O novo dirigente queixa-se de que não há dinheiro para pagar as dividas e está empenhado em "acabar com a apatia na escola".

Quais são as medidas mais urgentes que a tua equipa vai tomar?
As primeiras medidas a tomar são a nível do reestruturamento da própria Associação. A Associação de Estudantes (AE) neste momento está desestruturada, tanto na forma de funcionar, como nas instalações. Estamos com alguns problemas: não temos material informático, os arquivos estão um pouco desorganizados e, neste momento, o trabalho vai mais nessa direcção para que a associação possa funcionar. Vamos começar a definir quais os primeiros projectos que devem avançar para cada departamento e trabalhar neles com os poucos meios que temos, porque neste momento a situação financeira não permite que se realizem todos.

Achas que ficou muito que fazer nos mandatos anteriores?
Acho que uma das grandes falhas tem sido a gestão dos dinheiros e da própria Associação porque tem-se usado dinheiro a mais nas Semanas Académicas, esquecendo-se que no resto do ano é preciso dinheiro para desenvolver outras actividades e gerir a Associação. Este ano, os problemas agravaram-se porque existem ainda dívidas e não há dinheiro nenhum.

Achas possível fazer-se uma Semana Académica com menos dinheiro?
É possível, assim como também é possível outro tipo de gestão do dinheiro. Uma das questões com a Semana Académica é que a AE da Escola Superior de Educação (ESE) tem entrado com tanto dinheiro como qualquer uma das outras AEs. O problema é que o subsídio ordinário da AE desta escola é muito mais pequeno do que o da AE da ESTG, menos de metade. Uma das soluções seria entrar num acordo em que a AE da ESTG entrasse com uma maior percentagem do dinheiro e depois os lucros, ou as dívidas, seriam repartidos consoante a percentagem investida.

Em entrevista ao ESEP Jornal Digital, disseste que “a escola está apática”. O que querias dizer com isso?
Não é só a nossa escola, a sociedade em geral. Mas a nossa escola tem algumas obrigações, porque somos estudantes do ensino superior e devemos ter à nossa disposição uma série de meios, não só físicos, mas também intelectuais, para ir contra o pouco movimento cultural, social e político que existe no nosso país neste momento. As pessoas não aderem às iniciativas culturais, não tomam o primeiro passo para que se faça alguma coisa, não se dirigem às associações que lhes podem facilitar os meios para levar a cabo um projecto qualquer. As pessoas estão muito paradas.

E o que é que a nova direcção pretende fazer contra isso?
Gerar uma série de pequenas iniciativas culturais que venham a captar o interesse das pessoas, para que estas se habituem a participar, a estar presentes, nem que seja só a ver um filme, a assistir a um debate. Pretendemos despertar o interesse das pessoas para este tipo de coisas. Pensamos também abrir o nosso espaço para que as pessoas possam levar a cabo iniciativas em nome próprio. De momento a associação ainda se está a reestruturar, isso será para uma fase mais tardia

É do conhecimento geral que a cultura em Portalegre está subdesenvolvida. A tua lista tem um programa para lutar contra isso. O que pretendem fazer, mais precisamente?
Algumas das iniciativas estão presentes no programa eleitoral. Pretendemos trazer o teatro à escola. A Companhia de Teatro de Portalegre, se for possível. Pretendemos estabelecer um contacto mais estreito com o grupo de teatro da escola, de forma a divulgá-los. Para além disso temos outras companhias de teatro cá em Portalegre, das escolas secundárias. Que seja do meu conhecimento, nunca vieram à ESE e se este espaço lhes for aberto, com certeza será possível eles virem cá. Pensamos também, no segundo semestre, fazer alguns ciclos de cinema temáticos. Também pretendemos fazer uma iniciativa para o Dia Mundial da Poesia e para o Dia Mundial da Árvore, mas ainda estamos a analisar o que se poderá fazer. Queríamos fazer algo que envolvesse os poetas aqui da zona e as escolas de cá, mas isto ainda está numa fase embrionária e ainda temos algum tempo até ao dia 21 de Março. Enfim, tudo o que se revelar significativo, como concertos e exposições, e seja possível na altura.

Quanto à cantina, pretendem rever a situação, que é definida por muitos como “péssima, apesar de já ter melhorado”?
Neste momento não sei exactamente quais são as queixas quanto à cantina. O que vamos fazer numa primeira fase é distribuir alguns inquéritos de forma a podermos avaliar quais são as queixas das pessoas. Depois, numa segunda fase, se se justificar, contactaremos com os responsáveis da empresa, expomos-lhes o problema e tentaremos chegar a qualquer tipo de acordo. A empresa é privada e a AE não tem nenhum poder sobre ela.

Também se tem discutido o equipamento informático na escola: falta de computadores, computadores avariados, poucas máquinas com acesso à internet, etc… o que pretendem fazer?
Nós também temos tido alguns problemas, a AE não tem computadores para trabalhar. Esta situação deve-se também a problemas de financiamento da Escola porque as verbas para o Centro de Informática diminuíram e, de momento, não sei dizer mais, porque não reuni com o Conselho Directivo e isso ainda não foi exposto, apesar de termos conhecimento da situação. Quanto à internet, pensamos pressionar o Conselho Directivo e o Centro de Informática para que possam haver mais computadores com acesso.

Em relação à velha questão das propinas, que agora se relançou devido ao seu aumento, penso não terem sido muito claros os vossos objectivos. Gostaria de saber o que pretendem fazer e como?
A AE, enquanto órgão com responsabilidades políticas, está em contacto com o Sindicato de Professores, e com os outros sindicatos, que têm movimentado pessoas e têm ajudado também nessa área. Dificilmente alguém pode dizer que não tem conhecimento do que se está a passar. Tivemos cartazes na escola, os professores do Sindicato estiveram a recolher assinaturas à porta da ESE, foram fornecidos autocarros pelo Sindicato de Professores do Sul, mas ninguém se inscreveu. Não podemos obrigar ninguém a manifestar-se ou a sentir-se mal com o nosso sistema de propinas, as pessoas é que não devem sentir necessidade de se queixar. Mas estamos dispostos a encaminhar manifestações e pessoas que tomem iniciativas.

Com tanto trabalho, achas que vão mesmo conseguir cumprir tudo durante este mandato?
O problema maior, neste momento, é a desorganização que se apresentava na AE, o que nos veio dificultar um pouco o trabalho a nível de contactos, contas, dossiers, ofícios… As coisas estão tão desorganizadas, que precisam de ser trabalhadas, para que possamos funcionar. Depois há o problema financeiro, que é grave. Apesar de parte das iniciativas não precisarem de muito dinheiro, e o programa eleitoral ter sido feito a pensar nisto, a verdade é que fazer uma exposição ou um ciclo de filmes tem os seus custos, que não são muito altos, mas são alguns e neste momento a AE não tem dinheiro nenhum. As dívidas em falta ultrapassam o dinheiro em caixa que a AE tem, isto dificulta muito o nosso trabalho. Já iniciámos contactos com uma empresa de publicidade com a qual, em princípio, iremos assinar um acordo que nos trará algum dinheiro para ajudar nas despesas da AE. De qualquer maneira, a situação ainda está um pouco complicada porque o subsídio ordinário foi gasto pela anterior direcção e já não existe subsídio para este ano lectivo. Por isso, estamo-nos a conter de fazer quaisquer gastos, porque não podemos e temos que pagar as dívidas.