Dia 20 de Fevereiro voto em branco

Vendo os nomes dos candidatos em questão, nenhum nome me atrai. Eu sou uma pessoa que vou muito pelo nome da pessoa, por exemplo, se me derem a escolher entre uma Gertrudes ou uma Sofia, é óbvio que escolherei a Sofia.

Quando entrei na taberna do meu tio para molhar a goela, depois de um dia cansativo, há um indivíduo lá da minha terra que me pergunta subtilmente o seguinte: “então Manel, dia 20 de Fevereiro vais pôr a cruz em qual?” Como eu vi que ele queria conversa, dei uma resposta sincera, mas irónica ao mesmo tempo: “olhe, não vou pôr a cruz em nenhum quadradinho porque a cruz transporto-a eu às costas devido àqueles que vão para o Governo”, foi essa a minha resposta. Ou seja, não tive com meias medidas e falei com o coração na boca, como é, aliás, meu apanágio.

Vendo os nomes dos candidatos em questão, nenhum nome me atrai. Eu sou uma pessoa que vou muito pelo nome da pessoa, por exemplo, se me derem a escolher entre uma Gertrudes ou uma Sofia, é óbvio que escolherei a Sofia. Sendo assim, comecemos pelo candidato do Bloco de Esquerda, cujo apelido é Louçã. Uma das coisas que mais detesto de fazer em casa é lavar a louça, portanto jamais poderei gostar de um tipo chamado Louça. O candidato do PC tem o mesmo nome do meu tio, ou seja, Jerónimo, e, como o meu tio raramente me dá uma moedinha para ir jogar nas máquinas ou beber uma mini, então, outro em que eu jamais poderei gostar. Quanto ao apelido do candidato do PP, Portas, por incrível que pareça quando vou para o meu quarto às escuras, bato sempre com a testa na porta. É infalível. Portanto, portas não é comigo. Quando andava na escola a disciplina que eu menos gostava era filosofia, sobretudo a matéria do Sócrates, ou seja, como se diz em calão: “era uma ganda seca” e, como tal, pôr a cruz no Sócrates está definitivamente fora de questão. Por último, e o pior deles todos, é aquele que já se pode muito bem orgulhar de ter sido primeiro-ministro. Quatro meses de mandato sem ter sido eleito não é bom, é óptimo.

Eu devo confessar que não sou muito a favor do voto em branco; aliás, desde que tenho idade para poder ir à urna cumprir o meu dever, tenho-o feito sempre. Mas para estas eleições decidi não colocar nenhuma cruz. Como já ando farto de fazer cruzes no Euromilhões sem nunca ganhar nada, já sei de antemão que se for fazer uma cruz numa das quadrículas do boletim de voto também não irei ganhar nada. Não é um discurso pessimista mas sim um discurso realista, porque os políticos quando estão no poder servem-se a eles próprios em vez de servir as pessoas.