Novo complexo termal de Nisa vai custar cinco milhões

A aposta no turismo termal em Nisa passa pela renovação do seu complexo de termas que anualmente atrai milhares de visitantes. Está previsto um investimento de cinco milhões de euros e a criação de 70 novos postos de trabalho.

A intervenção no complexo das Termas de Nisa vai custar cerca de cinco milhões de euros e engloba, entre outras obras, a construção de um novo balneário.

A “Ternisa” ergueu as termas da Fadagosa de Nisa, um projecto que já criou 22 postos de trabalho “nesta primeira fase de investimento estamos a falar em cinco milhões de euros. Uma parte já está comparticipada e outra, vamos adiantar no próximo quadro [comunitário de apoio]” refere Gisela de Sá, a directora das Termas da Fadagosa de Nisa.

Os fundos são comparticipados pela União Europeia e resultam de uma “candidatura ao big tour que é um programa de turismo e ao Leader Mais, que são apoios comunitários que a câmara de Nisa se candidatou hà já alguns anos” refere a directora.
O projecto ainda está em execução e trata-se da construção de um novo balneário. “Temos consciência que as nossas termas têm um parqueamento muito pequeno e já fazemos um esforço muito grande para atender 1500 aquistas por ano, daí estarmos a construir este complexo termal que terá capacidade para 6500 aquistas por ano.”
A primeira fase de investimento será canalizada para a construção do balneário e inclui o arranjo de acessibilidades e do meio envolvente. No âmbito do projecto, estão ainda previstas outras obras. “A construção de um hotel e o espaço envolvente perante a responsabilidade do município. Andam privados interessados em investir” explica a directora. Gisela de Sá acrescenta ainda que a câmara quer entrar com propostas de privados interessados em investir no próximo quadro de investimento. “Queremos aqui que os privados se possam candidatar porque é possível concorrer ao próximo quadro, por isso acho que a criação de parcerias público-privadas nos vão permitir, no futuro, sustentar este projecto porque a autarquia é um meio promotor”.

O emprego

Os 70 novos postos de trabalho previstos dizem respeito aos recursos humanos indispensáveis para o arranque do novo balneário. A autarquia acredita que este número venha a crescer. Por essa razão, a empresa pretende contratar mão-de-obra diversificada, ou seja, vai precisar de “mão-de-obra na área de terapêutica e aí seriam os balneo-terapeutas mas também será alargada aos serviços de limpeza e aos serviços de internação” explica Gisela de Sá, directora das termas da Fadagosa de Nisa.

Em termos de postos de trabalho directos no centro serão os balneoterapeutas os mais procurados. Para chegar a estes técnicos “estamos a contar entre outras, com a escola profissional de Nisa, escola que tem o curso de termalismo.” refere Gabriela Tsukamoto, presidente da Câmara de Nisa.

Por outro lado, o centro precisa de um complemento para as suas actividades, a presença de licenciados de instituições como a Escola Superior de Educação de Portalegre tornam-se indispensáveis. A ideia é aliar o termalismo ao turismo, uma vez que, “em média um aquista está em tratamento de 12 a 15 dias” refere Gisela de Sá.
Assim sendo, inúmeras outras áreas do turismo poderão ser exploradas de forma a completar esta estadia. E é aqui que actuam os licenciados em Turismo e Termalismo, pois poderão desenvolver projectos já existentes e criar ainda outros.

“Há uma série de actividades co-relacionadas (com o termalismo) ao nível da ginástica e da cultura. Há um turismo de natureza que tem de ser promovido, quando, ainda por cima, estamos inseridos numa rede natura. Temos um centro de alojamento que vai funcionar 24 horas por dia e que precisará de técnicos. O projecto definido, de uma forma global, tem agregado toda uma série de coisas, desde restauração à hotelaria.” explica a presidente da autarquia.

Por outro lado também existirão outras circunstâncias de emprego, não directamente nas termas mas também no comércio da zona, que beneficiará com as visitas dos aquistas já que normalmente estes utentes têm de ficar na zona até duas semanas para realizar os seus tratamentos.

“Em termos de potencialidade do sector hoteleiro vai certamente ser bastante importante para toda a região porque muitas camas são necessárias e é preciso todo um trabalho como, por exemplo, animação sociocultural”.

Em relação às novas oportunidades de emprego no centro termal, Manuela Lança, aluna da ESEP no 3º ano de Turismo e Termalismo sente que “é uma boa possibilidade de emprego, sem dúvida. E grande parte dos alunos vêm para este curso porque tem termalismo, como é o meu caso. Senão tinha escolhido outro sítio qualquer do país.”

Especialistas estrangeiros

A par do centro de termalismo, existiu desde cedo, uma intenção de promoção por parte da empresa. A realização do encontro de Turismo e Termalismo, que reúne entendidos no que às termas diz respeito, acolheu, este ano, oradores franceses, espanhóis e portugueses o que ajudou a dar visibilidade ao projecto, pela curiosidade que suscitou junto de investidores privados que não o conheciam, e também abriu caminho a outras áreas de exploração no termalismo, nomeadamente no campo da estética, que já conta com muitos avanços no estrangeiro, mas que ainda é pouco explorada em Portugal.

“As experiências que tivemos aqui com os palestrantes franceses e com os espanhóis demonstram-nos que, de facto, há realidades que nós podemos definir, quer ao nível da aplicação das lamas e ao nível do turismo termal, quer ao nível da estética que não só para nós, termas de Nisa, mas também para Portugal, são indicadores que de facto, há áreas que podem e devem ser cuidadas”, explica a presidente da autarquia de Nisa, Gabriela Tsukamoto.

A edil refere ainda que não existe um fosso entre o termalismo nacional e o estrangeiro mas considera importante a aposta em outras áreas que ainda não são exploradas. Quanto à estética, algo já pensado é a criação de uma ala de lamas. No entanto a principal aposta dos executivos está num estudo aprofundado das águas e na pesquisa das suas vantagens, a nível de tratamentos.

“Saber o que a água em cada uma das termas, poderá vir a representar. Hoje em dia sabemos que ela é para tratar determinado tipo de doenças mas nada invalida que, daqui a uns anos, com os estudos que nós pretendemos fazer, possamos chegar à conclusão que estas águas também podem ser indicadas para o tratamento de outros problemas” refere Tsukamoto, que continua: “porque juntas com determinado tipo de lamas poderão ainda proteger pessoas a outros níveis. Tudo isto tem que ser estudado e aprofundado”. É um estudo a curto prazo, até porque tem os recursos humanos e materiais necessários para o fazer e a vantagem de já existirem estudos no exterior nos quais se podem basear. “Aprender com aquilo que os outros já fazem é o caminho. Não estamos a descobrir nada. Há coisas que já estão descobertas, agora há que desenvolve-las”, considera Gabriela Tsukamoto.