ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
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Pela altura da Páscoa os paladares aguçam-se para a prova das habituais amêndoas. Em Portalegre esta tradição ganha um novo ânimo com as típicas amêndoas “brancas” e de chocolate que só aqui são fabricadas.
O Alto Alentejo é uma região bastante conceituada pela sua doçaria e, na altura da Páscoa, Portalegre é a «capital» das doces amêndoas.
Joaquina Mendes Vintém é a responsável pela continuidade do fabrico destes doces que só em Portalegre se podem encontrar, sendo a única doceira deste género na cidade.
A tradição das «Amêndoas de Portalegre» perdurou intacta no tempo pela passagem da receita original por várias gerações da sua família "que foi, desde sempre, a única a fazer amêndoas e a desenvolver este comércio aqui na região".
Ao entrar na pequena fábrica, o cheiro adocicado do chocolate e açúcar queimado invadem o ar, enquanto os três funcionários se preparam para mais um dia de trabalho.
O trabalho diário começa por volta das sete horas e termina às 14 horas, numa rotina que se estende desde dois meses antes da Páscoa e até à sexta-feira santa.
As amêndoas são introduzidas em grandes caldeiras feitas de cobre e aquecidas por fogões a gás, que se encontram em constante rotação. Enquanto a máquina realiza este movimento, é lentamente adicionada calda de açúcar (amêndoas brancas) ou solução de chocolate.
Após as amêndoas estarem completamente revestidas por uma suave e espessa camada envolvente, ficam durante algum tempo em arrefecimento em tabuleiros de madeira. Na fábrica são ainda empacotadas em sacos de 5 quilos ou 250 gramas e é assim que chegam ao consumidor final.
Joaquina Mendes Vintém afirma não ter noção da quantidade de amêndoas que aqui são produzidas anualmente, "mas há dias em que se produzem cerca de 40 quilos, tudo depende das encomendas".
As «Amêndoas de Portalegre» encontram neste distrito a maior parte dos seus apreciadores, no entanto, a proprietária da fábrica afirma ser cada vez maior o número de clientes noutros pontos do país. Desde há alguns anos que se verifica um forte acréscimo de encomendas, essencialmente, para Lisboa e Évora.
Uma arte sem seguidores
Os saberes passados de geração em geração nesta família ameaçam perder-se no tempo, pela falta de sucessores para esta arte. Joaquina Mendes Vintém vê com tristeza este facto, dizendo que "actualmente já pouca gente quer saber das tradições e, como a vida está muito difícil, as pessoas tentar encontrar outras formas de emprego".
A trabalhar nesta actividade desde muito nova, a proprietária da fábrica diz não perceber os motivos porque não há pessoas para a substituírem nesta actividade, que cada vez parece cativar mais adeptos, dentro e fora do distrito.
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