Teatro d'O Semeador em risco de fechar

O teatro d’O Semeador em Portalegre corre sérios riscos de fechar as portas ao público após 33 anos de existência devido às atuais dificuldades financeiras causadas pelos cortes previstos na cultura.

“Cortar na educação e cortar na cultura é cortar as pernas a um país” refere Susana Teixeira, presidente da direção do teatro.

 A companhia de teatro tem no total dez colaboradores, seis já se encontram com contratos suspensos e os restantes não recebem desde maio. “Até quando é que as pessoas aguentam vir trabalhar todos os dias sem receber um ordenado?”, questiona Susana Teixeira.

Para o teatro d’O Semeador, uma associação sem fins lucrativos, o próximo ano será desastroso com cortes a rondar os 50% conduzindo a companhia a um “desastre” financeiro. “É uma dedicação que começa a ser também muito pesada para as pessoas” salienta Susana Teixeira revoltada com a atual conjuntura do país garantindo que é insustentável aguentar outro ano como este.

“Cómicas 2” é a peça em cena durante o mês de outubro com textos de João Manuel Bastos que tem tido público mas não como noutros tempos. Com boas assitências Susana Teixeira recorda que há uns anos era possível ter uma vida descansada a viver do teatro, mas a crise veio desfalcar a arte tornando cada dia uma luta. “Menos 50% num orçamento que já não  é suficiente, é muito mau”.

 Em risco de fechar as portas, o Semeador luta contra a morte do teatro porém todos os fatores apontam para o colapso. “Neste momento basta mais um desistir e não conseguimos ter muito mais forças para continuar” alega Susana Teixeira que por sua vontade o teatro nunca fecharia portas, mas estão em causa questões legais e trabalhar nas condições atuais "não é justo para os trabalhadores".

O espaço onde se encontra o teatro é cedido pela autarquia de Portalegre porém os responsáveis  têm noção que a câmara não dispoe de mais meios para os auxiliar. O apoio dado pela autarquia no ano anterior foi de 3.900 euros, valor que não chega para as necessidades da companhia.

A cultura atravessa um problema estrututal e financeiro porém, Susana Teixeira, acrescenta ainda uma crise ideológica “Eu acho que Portalegre é uma cidade que não adere grandemente a nada, estou cá há tantos anos e faz-me confusão como é que as pessoas continuam a lamentar-se que não há nada e depois não são capazes de se mexerem para procurarem”. Como alternativa, a empresa de teatro poderia apostar em estratégias de marketing, mas não há verba para atrair o público.

“Um ano igual a este não pode ser, ninguém aguenta. Estão a transformar um país que até tinha fama de ser culto, país de poetas, num deserto”, desabafa Susana Teixeira.

 

ver fotogaleria: http://www.slideshare.net/esepjornal/cmicas2