Património religioso do Alentejo precisa de conservação

A conservação e a segurança dos monumentos religiosos foi o tema escolhido para o último debate que encerrou o ciclo de conferências, organizado pelo curso de Turismo e Termalismo, no auditório da Escola Superior de Educação de Portalegre.

Adaptar os monumentos a uma espécie de posto de turismo, assegurar a sua conservação e segurança e torná-los interactivos foram alguns dos aspectos focados no último colóquio do ciclo de conferências do curso de Turismo e Termalismo (TT) da ESEP, realizado recentemente, no auditório daquela escola.

José António Falcão, director do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, falou para uma plateia pouco preenchida, sobre a necessidade de salvaguardar o património religioso existente no Baixo Alentejo e criar condições de acolhimento aos visitantes que não conseguem entrar nos monumentos religiosos. De acordo com o responsável, é necessário ir “à procura de outros rumos”, de modo a tornar o património da igreja num aproveitamento turístico.

Para isso, a Diocese de Beja está a avançar com um projecto que tem como objectivo criar percursos de turismo religioso, cultural e ambiental, dar uma nova funcionalidade ao espaço interno e externo dos edifícios, fazer um inventário de todas as obras de arte existentes, reforçar a segurança, requalificar os espaços envolventes e promover iniciativas de animação, através de exposições de arte e história, conferências, concertos e visitas guiadas.

Questionado sobre a sustentabilidade de um projecto que assegure o aproveitamento turístico do património da igreja, José Falcão explica que é um processo complicado, uma vez que requer medidas que implicam uma grande mobilidade por parte das entidades competentes e de voluntários, um exemplo bem sucedido como acontece na Inglaterra. Para já, o director acrescenta que existe uma Comissão do Monumento, com pessoas que se responsabilizam por esse mausoléu e que garantem esse aproveitamento.

A conservação e vandalização de peças religiosas também mereceu destaque nesta conferência. A título de exemplo, no caso específico da Diocese de Beja, José Falcão referiu que todos os anos são restauradas cerca de 200 a 300 obras de arte. Por outro lado, o facto do Baixo Alentejo ser uma região com graves problemas de desertificação e de alguns santuários rurais se encontrarem isolados em pleno campo, torna mais difícil a conservação do património.

Organizadas pela coordenação do curso de Turismo e Termalismo (TT), este ciclo de conferências permitiu aos alunos de TT, futuros técnicos de turismo, analisar os vários problemas relacionados com a profissão. Um encontro que se insere num vasto conjunto de actividades que contribuem para a qualificação deste curso e que contou também com o apoio de entidades regionais, como autarquias e a Região de Turismo de São Mamede.