"Jornalismo de Investigação"

O "Jornalismo de Investigação" serviu de base para a discussão de temas bem actuais, como a Casa Pia e os recentes atentados em Madrid. O debate conseguiu captar o interesse da plateia, o que acabou por ser uma mais valia para as VIII Jornadas de Comunicação Social da ESEP.

"O assunto da Casa Pia não é exemplo de jornalismo de investigação”. Esta foi uma das afirmações feitas por José Pedro Castanheira, durante o debate dedicado ao jornalismo de investigação no âmbito das VIII Jornadas de Comunicação da Escola Superior de Educação de Portalegre (ESEP). br /> O jornalista do semanário Expresso falou do actual jornalismo de investigação e revelou uma posição crítica sobre o assunto que “atravessa uma grave crise”, tendo em conta a década de 80, onde “os jornais de referência tinham núcleos com sete ou oito pessoas que se dedicavam inteiramente à investigação”.

Actualmente, esta estrutura não existe em nenhum meio de comunicação. "Apenas, podemos encontrar casos pontuais, com a posterior constituição de pequenos núcleos de trabalho, que se desfazem após o declínio da notícia”, frisou José Pedro Castanheira.

O jornalismo de investigação é feito à margem de qualquer outra investigação institucional, o que não acontece nos dias de hoje. Segundo este jornalista, “os meios limitam-se a fazer eco da investigação policial” o que acaba por condicionar a informação que chega todos os dias a casa dos portugueses, uma vez que “de uma maneira geral, os meios de comunicação não têm mantido a indispensável independência das suas fontes”.
As questões lançadas pela plateia trouxeram ao debate outro tema bastante actual. Os recentes atentados em Madrid e as notícias sobre a tentativa do Primeiro Ministro Espanhol em fazer passar para a opinião pública informações falsas, lançou a questão da veracidade das fontes.

"Aparentemente, não haveria em Espanha ninguém mais bem informado e mais credível para dar informações sobre os atentados do que Aznar. Directores de diversos meios de comunicação foram induzidos em erro e, passaram informações falsas, porque a fonte mentiu com um claro propósito”, salientou José Pedro Castanheira. A necessidade de confirmar as fontes é uma das regras básicas do jornalismo e é inultrapassável. “Se não se consegue confirmar, não se publica” afirmou José Pedro Castanheira.

A manchete do Correio da Manhã sobre alegados atentados em Portugal “não é de todo publicável”, porque tinha que ter sido verificada antes da publicação.
O crítico Eduardo Cintra Torres, outro dos convidados para este debate, considera este caso “como um bom exemplo de incompetência”. O crítico de televisão referiu, ainda, que esta incompetência se deve “à falta de conhecimento que a grande maioria dos jornalistas têm sobre os assuntos que tratam”. Uma das ideias base da sua intervenção veio neste mesmo sentido, dado que “o jornalismo é saber o máximo, para dizer bem o que há para dizer”.