R.A.P. é o meu trabalho mais evoluído

Cantor, compositor, MC (Mestre de Cerimónias), poeta urbano por excelência. Boss AC apresentou recentemente o seu mais recente trabalho em Portalegre. Ritmo Amor e Palavras servido ao público portalegrense com o carisma irreverente que lhe é já característico. À conversa nos bastidores, ainda que por escassos minutos, Boss AC falou um pouco sobre o seu percurso e o seu novo trabalho.

Explica numa das suas letras que o “hip hop é a gasosa que o faz andar”. Talvez seja mesmo por isso que a carreira de Boss AC conta já com mais de dez anos.
Começou por ser apenas um dos muitos que em 1994 participaram na Rapublica – o primeiro projecto de rap a ser editado em Portugal. Generate Power, o tema que foi o seu contributo para este projecto, seria então o ponto de partida para o percurso deste modelador de ritmos e palavras.

É em 1998 que lança o seu primeiro álbum. Mandachuva, editado nos EUA com a ajuda de Troy Hightower – produtor de vários trabalhos de nomes como U2, Janet Jackson, 50Cent e LL Cool J –, revela um AC mais maduro, num disco forçosamente marcado pelo hip hop mas onde têm lugar as influências estilísticas do reggea, do soul e R&B.

Segue-se um período de participações em projectos diversos, como bandas sonoras de filmes, colaborações em discos de Xutos e Pontapés, Da Weasel, entre outros, e a criação da sua própria produtora, a No Stress.
Em 2002 lança o seu segundo álbum. Intimista e claramente incisivo nas suas críticas, Rimar contra a Maré foi a afirmação do talento de Boss AC no mercado nacional, com os singles Baza, baza e Quieres dinero a servir de confirmação.

Ritmo Amor e Palavras, que o cantor apresentou em Portalegre no pavilhão da Nerpor, foi editado o ano passado e os singles Hip Hop (sou eu e és tu) e Princesa (beija-me outra vez) rapidamente atingiram o top nacional.

[ESEP Jornal Digital] - Em curta retrospectiva, como é que avalias o concerto de hoje à noite?
[Boss AC]
- Correu bem! Por acaso não estava à espera que estivesse tanta gente por ser uma quinta-feira e o espectáculo ter sido tão fora de horas, mas fiquei surpreendido.

[EJD] - Boss AC, autor, produtor, cantor, MC, participaste em inúmeros projectos ao longo da tua carreira, uma carreira que conta já com pouco mais de uma década, certamente não adivinhavas este percurso quando começaste?
[B.AC]
- Não, não! Ao princípio não pensava, obviamente que ao longo do caminho tentei sempre fazer o melhor que pude. Mas quando comecei, e comecei quase que na brincadeira, nunca pensei fazer disto vida. Na altura…claro!

[EJD] -  Depois de “Mandachuva” e “Rimar contra a Maré”surge este “R.A.P (Ritmo Amor e Palavras)”. Que grandes mudanças apontarias neste novo trabalho?
[B.AC]
- A essência é a mesma, mantive-me coerente estes anos todos, mas gosto de pensar que as pessoas evoluem de trabalho para trabalho, portanto, por essa ordem de pensamento o R.A.P. é o meu trabalho mais evoluído até agora. Da mesma forma que espero que o próximo seja mais evoluído que este.

[EJD] - O Boss AC pessimista que em “Rimar contra a maré” dizia que se viviam tempos complicados, não é o mesmo que agora apregoa o amor em R.A.P?
[B.AC]
- Cada álbum define um estado de espírito que tem a ver com a altura em que foi feito. Desta vez tentei fazer um álbum que fosse menos introspectivo, menos centrado em mim e foi este o resultado.

[EJD] - Os convidados foram uma mais valia em R.A.P. …
[B.AC]
- Sim, sem dúvida! Todos os convidados que trouxe para este projecto deram um novo fôlego à minha música.

[EJD] -  Já houve quem te chamasse de 50Cent português. Elogio ou exagero?
[B.AC]
- É um disparate! Sou um MC português, não sou 50Cent nem sou mais ninguém.

[EJD] -  E um novo álbum está previsto?
[B.AC]
- Não faço ideia. Por enquanto não me sinto pressionado. Por agora é trabalhar e esperar. Provavelmente para o final deste ano ou início do próximo, mas não posso garantir.