Arte pastoril sem apoio

António Adélio começou há cerca de 10 anos a dedicar parte do seu tempo livre ao artesanato. A madeira e cortiça são os seus materiais de eleição, num estilo que define como "arte pastoril típica da região". Apesar da sua "importância e beleza", o artesão não vislumbra um futuro risonho para estas actividades.

Foi no decorrer das suas actividades profissionais que tomou contacto com estes saberes e que a curiosidade impeliu António Adélio, artesão, a experimentar. "Trabalho no ministério da agricultura e tenho uma ligação quase diária com o campo e há muitos anos que me habituei a ver os pastores a produzirem estas peças. O interesse e a curiosidade foram crescendo até que decidi experimentar".
Confessa que, no início, achava estranho o facto de pessoas, que na grande maioria dos casos não possuíam qualquer formação escolar, conseguissem fazer peças geometricamente perfeitas, "sem quaisquer conhecimentos ao nível do desenho ou de simetrias".

Os primeiros trabalhos que desenvolveu foram «cádegas» em madeira, utensílios usados para prender os animais. Actualmente o leque de artefactos que produz vai desde estas peças até aos tarros.

Até a esta data, afirma nunca ter conhecido ninguém que quisesse continuar ou aprender estas artes, facto que justifica dizendo que: «há coisas que começam logo pelas entidades oficiais, quando essas não têm interesse muito menos têm as outras".

António Adélio, mostrou ainda o seu desagrado face à actuação da câmara aquando das selecções dos artesãos para representarem a região. "Fui duas vezes àquela que é a mais importante feira do artesanato do país e ganhei uma menção honrosa no primeiro ano que lá vou e ganhei o 1º prémio na segunda vez que fui. Este ano, fui excluído da lista de artesãos que vão representar a cidade".

Para além de algum apoio que recebe por parte do Centro de Emprego para expor a sua arte, afirma estar quase sozinho neste esforço por manter vivas as tradições locais