Jornalistas das rádios de Portalegre admitem existência de pressões

Recebe pouco mais de 500 euros por mês. É jovem. Não tem formação superior e admite a existência de pressões sobre o seu trabalho. Está apresentado o jornalista de rádio do distrito de Portalegre. Pelo menos, segundo um estudo recentemente conhecido.

Os jornalistas das rádios locais do distrito de Portalegre admitem a existência de pressões sobre o seu trabalho. Esta é uma das conclusões de um estudo realizado pelo curso de Jornalismo e Comunicação da Escola Superior de Educação daquela cidade e que foi apresentado na quarta-feira durante o II Encontro de Jornalismo do Alentejo.

O estudo, realizado a partir de inquéritos respondidos pelos catorze jornalistas que exerciam a profissão nas rádios locais do distrito em Fevereiro e Março deste ano, conclui que metade dos profissionais admitem a existência de pressões políticas, económicas ou da própria direcção da rádio sobre a realização do seu trabalho.
O estudo revela ainda que a falta de recursos humanos é a principal dificuldade que os jornalistas das rádios locais daquela região do país encontram para realizarem diariamente o seu trabalho, já que a média por redacção é de apenas 2,3 jornalistas.

O estudo destinava-se a caracterizar o perfil do jornalista de rádio local do distrito portalegrense e mostra também que os jornalistas locais são em média muito jovens - têm entre 25 e 29 anos de idade - a maioria não tem formação superior, está no início da profissão e recebe mensalmente entre 500 e 650 euros. 64 por cento dos jornalistas estão efectivos no seu local de trabalho.

Com o estudo pretendeu-se ainda caracterizar o posicionamento dos jornalistas das rádios locais de Portalegre face a questões como a política editorial da rádio, as principais fontes utilizadas e as rotinas utilizadas num dia normal de trabalho.
De acordo com os inquéritos recebidos, os jornalistas entendem que há poucos debates nas rádios locais, muita política e noticiários demasiado longos. Aqueles profissionais consideram que para se ser um jornalista de uma rádio local é preciso conhecer bem a região e ter espírito de sacrifício. O mais importante é noticiar as questões relacionadas com o Alentejo, mas raramente fazem reportagem privilegiando os contactos telefónicos para a elaboração das peças jornalísticas.
A maior parte considera que trabalhar numa rádio local é uma forma de realização pessoal, mas apenas um jornalista respondeu que exercer a profissão numa emissora do distrito de Portalegre é o emprego desejado.