Portalegre recebeu o Último Tango de Fermat

Ver e ouvir a matemática ao som de blues, pop e tangos. Foi esta a proposta de um grupo de actores do Teatro da Trindade que levou à cena em Portalegre o musical "O Último Tango de Fermat". Uma obra prima que conta a história de Andrew Wils que com apenas dez anos decidiu desmontar um teorema matemático. Um musical que até já teve direito a um Emmy.

Portalegre acolheu o musical “O Último Tango de Fermat” no Cine-Teatro Crisfal, no dia 24 de Novembro no âmbito das comemorações do aniversário do Instituto Politécnico de Portalegre. O musical ilustra a descoberta do último grande teorema matemático de Fermat, que foi uma incógnita durante séculos. O espectáculo conta a história de Andrew Wiles, o matemático que desmontou este teorema que revolucionou esta área da ciência.

O musical "O Último Tango de Fermat" nunca foi feito fora dos Estados Unidos, tendo estreado na Off Broadway, no New York City’s Theater, em Novembro de 2000. Em Portugal a representação da obra está a cargo do Teatro da Trindade.

A sua qualidade foi comprovada com a atribuição de um Emmy e a recepção junto do público português tem sido “bastante satisfatória”, como realçou Mário Redondo, actor que representa a personagem principal. A encenação conta com mais seis cantores e cinco músicos em palco. Contudo, existem muitos mais técnicos e auxiliares para que o projecto seja uma realidade.

Em Portugal está prevista uma digressão por vários pontos do país.

Este sucesso baseia-se na história real de um miúdo, que com apenas dez anos, decidiu demonstrar um teorema matemático e que passou anos e anos a tentar, encontrando muitas dificuldades, principalmente quando descobre que há uma falha na sua demonstração. A história encenada demonstra-nos essa problemática, a interferência que essa sua paixão teve na sua vida familiar, onde surge um triângulo amoroso muito particular, entre ele, a sua mulher e a matemática, enfim, um caminho longo até este homem se tornar no maior matemático do século XX.

Sobre a designação do nome do musical, Mário Redondo diz ser “uma brincadeira com a essência do musical”, uma espécie de analogia entre a música e a matemática. Ao longo de todo o musical são combinados diversos tipos de música como a opereta, blues, pop, e, como não podia deixar de ser, o tango.

Durante o espectáculo é também possível assistir a uma diferente maneira de ver a matemática. A música, os sons, as cores, as vozes, todo o conjunto transforma a matemática em algo mais acessível, mais próximo de um mundo real. A matemática é trazida ao espectáculo de uma maneira viva, apresentando Fermat e os seus amigos imortais: Pitágoras, Euclides, Newton e Gauss, vivos e muito ritmados. É mostrado a todos os espectadores que a matemática pode ser apaixonante e fazer parte da vida humana como qualquer outra questão, como foi o caso de Andrew Wiles.

As escolas estão também incluídas neste projecto, para dar uma nova visão da matemática e despertar o interesse dos mais cépticos em relação a esta matéria. É uma boa oportunidade para dar uma volta no rumo que esta disciplina tem tomado nos últimos anos, porque, como salientou Mário Redondo, “é muito importante que o espectáculo tenha também uma função pedagógica”.