Modelo de negócio para o jornalismo online ainda é uma incógnita

 “A internet não é um método sustentável para o futuro do jornalismo” defendeu Nicolau Santos, jornalista do Expresso, no Fórum sobre o Futuro do Jornalismo que teve lugar no passado dia 26 de abril na Escola Superior de Educação de Portalegre.

Nicolau Santos falava no segundo painel do evento dedicado aos valores essenciais a preservar no futuro do jornalismo. “O papel confere credibilidade às coisas, a internet não”, referiu o jornalista. Para Ângela Mendes, da revista Pormenores, a outra oradora do painel, “o maior desafio que os media poderão encontrar será descobrir uma forma rentável financeiramente para praticar jornalismo on-line”. Neste campo, as plataformas móveis parecem levar alguma vantagem pois tanto os tablets como os smartphones estão a ter cada vez mais utilizadores, concordaram os oradores.

O Fórum sobre o Futuro do Jornalismo é um dos eventos que integra o projeto Jornalismo e Sociedade que está a ser promovido por uma equipa de investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa. O Fórum retoma a iniciativa de dois jornalistas norte-americanos, Bill Kovach e Tom Rosenstiel que elaboraram uma carta de Princípios do Jornalismo. O objetivo do projeto em Portugal é elaborar uma carta semelhante partindo do contributo dado pela iniciativa nos Estados Unidos.

O Fórum de Portalegre começou com um painel dedicado às diferenças entre o jornalismo e outras formas de comunicação, tema que foi debatido por Avelino Bento, professor na ESEP e autor do blogue Exdra-Animação e Joaquim Figueiredo, RP da GNR de Portalegre.

Ambos os convidados apresentaram uma posição muito definida em relação a este assunto. Para Avelino Bento, “o blogue é a minha verdade” e, graças a ele “obtive o mundo”. Já Joaquim Figueiredo referiu que “o jornalismo é baseado em factos e as pessoas esperam encontrar nele a verdade”. A diferença entre o jornalismo e outras formas de comunicar ficou bem explícita, porque “o jornalismo é feito de princípios e sem eles, o jornalismo morre”. Mas, nas palavras de Avelino Bento, “apesar de o perfil dos órgãos ser bastante distinto, é possível complementarem-se”.

Para além de Portalegre, os Fóruns sobre o Futuro do Jornalismo já se realizaram em cidades como Braga, Coimbra ou Covilhã. No dia 3 de maio vai estar no Porto e posteriormente no Algarve. Os resultados deverão ser apresentados em Setembro, em Lisboa.