Balanço de um mês de Centro de Artes é “demasiadamente positivo''

A entrevista ao vereador José Polainas abre mais uma etapa no ESEPJornal. Pela primeira vez para além do texto, da fotografia e de elementos multimédia possibilitamos aos leitores ouvir a totalidade da entrevista disponibilizando-a em podcast. O ESEPJornal torna-se assim num dos primeiros jornais escolares a utilizar esta ferramenta. Para ouvir ou subscrever basta ir aqui.

Um mês depois da inauguração, o Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Portalegre faz um balanço “demasiadamente positivo” das actividades no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre (CAEP).

Não que ache que os portalegrenses sejam pouco criativos a nível cultural mas porque tem “receio quando as coisas correm demasiado bem” e que porque “preferia alguma luta por parte do público, algum estímulo, algum picar” . Diz José Polainas que “todos os espectáculos têm estado esgotados".

O Vereador assegura que o CAEP tem programa certo até Maio do próximo ano e que o facto de Portalegre estar situada mais no interior do território nacional não pesa nada na hora dos contactos e na marcação de espectáculos.

[ESEP Jornal Digital] - Um mês depois da inauguração, qual o balanço que faz?
[José Polainas] - Extremamente positivo, aliás, até demasiadamente positivo para o meu gosto pessoal. Eu tenho algum receio quando as coisas correm demasiado bem, e as coisas de facto, estão a correr demasiado bem. Temos tido quase sempre lotações esgotadas, a aceitação em termos de crítica tem sido positiva; os espectáculos, incluindo os café concertos e os do grande auditório têm corrido bem. Estamos a limar algumas arestas mas em termos globais, em termos daquilo que o público nos está a dizer, está a ser demasiadamente positivo, o que às vezes não é bom. Eu preferia que fosse assim um 60/40 para termos aqui algum ‘picar’. Vão haver quebras, de certeza absoluta ... mas o planeamento está a correr dentro da normalidade. Estamos com expectativas em relação a alguns espectáculos; vamos ver quando conseguimos estabilizar.

[EJD] - Tem receio que a resposta seja demasiado boa porquê?
[JP] - Nós estamos numa terra pequena, são 26mil habitantes, uma sala com 500 lugares, será impossível termos sempre lotação esgotada. Também optámos que todos os espectáculos terão de ser pagos, se bem que a receita que tiramos não dá sequer para pagar um quarto do cachet. E estou na expectativa de ver como estamos daqui a seis meses. Se mantivermos dois terços de sala para a Câmara já é excelente! Continuamos a arriscar, a apostar, a dinamizar... Vamos ter um espectáculo de balalaicas, bailado… Coisas mais diferentes...

[EJD] - Qual foi o espectáculo mais concorrido?
[JP] - Em termos de procura, foi o de 23 de Maio da Banda Euterpe foi aquele que resultou mais da surpresa, mais como espectáculo, e foi uma aposta assumida 100% pela Câmara. Curiosamente, foi aquele que teve mais problemas técnicos, esteve para não se realizar.
Depois, o de Yann Tiersen porque foi o primeiro e teve a envolvência de ser um concerto de um músico internacional, de reconhecidos méritos.

[EJD] - Quais são os espectáculos agendados daqui para a frente?
[JP] - Há a orquestra das balalaicas, há “O Submarino”, há o de Legendary Tiger Man. Depois vamos ter um hiato de tempo em que vamos estar parados, em Agosto, para reiniciar com um Festival de Músicas do Mundo ... Temos muitas coisas marcadas já até Maio do próximo ano. Também vamos ter parcerias com algumas associações que nos vão apresentar algumas propostas. Não vai ser possível ter muito mais espectáculos porque logisticamente não há resposta para eles. Até Dezembro vamos fazer uma média de 4, 5 espectáculos por mês, no grande e pequeno auditório.

[EJD] - Não tem havido muita dificuldade em arranjar espectáculos para o Centro de Artes. O facto de Portalegre ser uma cidade do interior não tem peso?
[JP] - Haja engenho e arte e vontade de aparecer, a Câmara responderá ao desafio. Assumirá o seu risco, os ganhos e as derrotas. Não precisamos de ter grande inovações em termos de direcção artística para preencher todos os requisitos que achamos que a cidade precisa.

[EJD] - Então não tem sido só a Câmara a procurar, também tem havido procura por parte de outras entidades?
[JP] - Também tem havido alguma oferta, não tanta como eu esperaria. Têm aparecido duas ou três associações culturais a oferecerem-nos espectáculos. É preciso que haja essa empatia, esse desafio, para não ser só a Câmara a cimeira, a potenciadora e organizadora.
A maioria dos espectáculos foi a Câmara que programou. Os outros, foi o engenho e arte, propostas de outras associações.

Vamos tentar agora chegar a plataformas de entendimento para permitir haver mais espectáculos de diferentes formas.