Comércio tradicional sofre com a crise

O crescimento do número de superfícies comerciais no concelho, com mais produtos e preços apelativos, está a afectar o comércio tradicional de Portalegre.

Com a crise económica instalada, o comércio tradicional de Portalegre não foge à regra e atravessa grandes dificuldades. As principais queixas dos comerciantes têm a ver com o elevado número de supermercados na cidade e o fraco poder de compra dos consumidores.

Maria do Céu Vicente, proprietária de uma mercearia de Portalegre, confessou que "já há quinze anos que o comércio tradicional vive com muitas dificuldades”. E acrescentou que “a crise está a prejudicar a venda de produtos tradicionais”.

O aparecimento das superfícies comerciais na cidade debilitou o negócio tradicional. Para a comerciante “o elevado número de supermercados em Portalegre, prejudica muito o comércio devido à maior variedade de produtos que oferecem”.

O aumento do preço dos produtos e a perda de poder de compra também não ajudam. Como referiu Joaquina Trindade, proprietária de uma loja, “há uns anos os clientes pagavam a pronto, mas hoje em dia ficam a dever”.

Estudantes ajudam comércio

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, de 2007, o Distrito de Portalegre tem 118 mil moradores e cerca de 3000 estudantes do Instituto Politécnico de Portalegre. Há mais gente durante o ano lectivo, como refere Maria do Céu Vicente: “Durante o ano lectivo, noto que há algum movimento, mas fora desse período a venda é muito fraca”.

O comércio tradicional além de ser procurado pelos estudantes, também é preferido pela população mais idosa. Como sublinha a comerciante da mercearia “no comércio tradicional o atendimento é personalizado, o que faz com que os idosos o prefiram”.

Joaquina Trindade critica ainda outros encargos que tem com a sua loja: “Os impostos, como o IRC, são muito elevados…os proprietários têm muitos encargos económicos.”

Maria do Céu Vicente confessa que é difícil manter o negócio: "Tenho bastantes dificuldades, no entanto a minha loja mantém-se, mas não tenho possibilidade de ter empregados”. A comerciante espera melhores dias, e que "a afluência ao comércio tradicional aumente”.