Ninho de Portalegre incuba ideias com futuro

O Centro de Apoio à Criação de Empresas (CACE) do Alto Alentejo ajuda a tornar projectos em realidade. A ideia é incubada, desenvolvida e sai do Ninho como empresa “com pernas para andar”.

Criado com o objectivo de fomentar o aparecimento de novas empresas, proporcionando condições técnicas e físicas ao seu desenvolvimento, o CACE tem conhecido uma dinâmica crescente. Para além do Ninho de Empresas de Portalegre (NEP) tem já a funcionar o de Monforte, estando prevista, no próximo ano, a inauguração dos de Arronches e Elvas. Entretanto, estão em processo de saída do NEP sete empresas, havendo já candidatos à ocupação dos espaços que vão ficar vazios. Sinais positivos que deixam os seus responsáveis optimistas.

O contributo que o Centro de Apoio à Criação de Empresas (CACE) do Alto Alentejo dá para o desenvolvimento empresarial da região “só se vê a médio/longo prazo, mas é crucial”. Ajuda à fixação de pessoas, à vinda de profissionais qualificados e à atracção de investimento exterior, factores de grande importância para uma região tão carenciada e que se debate, constantemente, com os problemas da interioridade.

Para Luís Roque, estas são as mais-valias geradas pelo CACE, que se traduzem ainda num incentivo à criação do próprio emprego. Espelho do sucesso da iniciativa é o aumento registado na procura, com um número de candidaturas significativamente mais elevado que nos anos anteriores, e a implantação das empresas fora do Ninho. Neste momento, estão sete em processo de saída para a Zona Industrial, onde vão instalar-se em espaços contíguos, havendo já seis candidatos oficiais a entrar para o NEP.

O director desta unidade orgânica do Instituto de Emprego e Formação Profissional acredita que o número de candidaturas vai continuar a aumentar e aponta como uma das razões o aumento do desemprego. “Havendo mais pessoas desempregadas há maior probabilidade de aumentar o número de indivíduos a optar por criar o próprio emprego”, esclarece.

Ainda no âmbito das mais-valias geradas, Luís Roque salienta a diversidade das proveniências dos empresários, apontando como exemplo um alemão luso-descendente e alguns do Porto. Acrescenta ainda que é dada prioridade na apreciação das candidaturas a projectos de jovens, mulheres, desempregados ou a pessoas com deficiência, permitindo assim que pessoas habitualmente com mais dificuldades tenham possibilidade de criar o seu próprio emprego. Basta “apenas” ter um bom projecto, económica e financeiramente viável, apresentar a candidatura e esperar que o CACE abre à porta do seu Ninho para albergar e ajudar a desenvolver a futura empresa.

Empresas esgotam tempo de permanência

No CACE estão incubadas empresas dos mais diversos sectores de actividade, que se dedicam, entre outros, ao fabrico de portas ou de artigos em têxteis, à reparação de material eléctrico ou de automóveis, ao restauro, artes gráficas e consultoria.

De fora fica o comércio. “Não aceitamos actividades exclusivamente comerciais”, refere o director do CACE, “excepto quando há grande probabilidade de gerar muito emprego ou é composta por áreas complementares”.

Dadas as condições favoráveis que lhes são proporcionadas por estarem incubadas num espaço como o NEP, as empresas esgotam quase sempre o tempo que podem lá permanecer. No total são cinco anos, três mais dois pedidos de prorrogação por um ano cada. O CACE tem vindo a tentar definir as condições de saída das empresas no final do segundo ano para saírem no terceiro, mas a passagem para o exterior raramente se verifica antes dos cinco anos de permanência.

Segundo Luís Roque, os efeitos positivos que esta iniciativa tem registado podem ser também potenciados em Monforte, onde existe um Ninho com cerca de um mês, situado nos antigos pavilhões da EPAC. Composto por cinco espaços (dois para empresas de serviços e três para empresas comerciais), este ninho alberga por enquanto apenas uma empresa de equipamentos electrónicos para hotelaria e restauração, que iniciou a sua actividade na segunda semana deste mês.

Com a entrada em funcionamento do Ninho de Empresas de Monforte, e com a aprovação dos ninhos de Elvas e Arronches, o CACE do Alto Alentejo consolidou a sua posição como o único no país, de entre os seis existentes, com mais de um ninho de empresas a ele associado. Na sua área de abrangência está também previsto um ninho em Évora, mas “com a actual conjuntura não prevejo que venha a ser uma realidade”, esclarece Luís Roque.

Em termos de região do Alentejo, aquele responsável adianta a criação do CACE de Beja dentro de dois anos, que deve levar ao aparecimento de dois ninhos de empresas naquele distrito.