Cantando o IPP há mais de uma década

Juntam-se pelo menos duas vezes por semana. Em comum, têm o gosto pela música e pelo ambiente académico. A diversão conduz a arte que empregam em cada ensaio e actuação. É isso que procuram. Em Portalegre e fora dela, a Tunapapasmisto representa o Instituto Politécnico há mais de 10 anos.

Passa um pouco da 21.30 horas. O fim do jantar foi há muito pouco tempo e os pequenos atrasos são frequentes. Sentado nas escadas da sede do Instituto Politécnico, onde os ensaios decorrem, está apenas o Rafael, magister da Tuna, que se gaba de ser sempre o primeiro a chegar. “É sempre a mesma coisa, ninguém faz um esforço para poder chegar a horas”, desabafa. A responsabilidade traz destas coisas. Tem a convicção que tudo devia ser feito à sua maneira. A indisposição vai perdendo forma à medida que os restantes vão chegando, com relatos mais ou menos preocupados, tentando desculpar-se da “falha”.

Recordam a actuação deste ano na Semana Académica. Pelo muito público que assistiu, pelo grande número de elementos que actuou, pela saudades dos que terminam, algo de especial ficou no pensamento destes tunantes. “Só quem vive estes momentos sabe o quanto podem significar. Por estranho que possa parecer às pessoas, damos muito de nós para que tudo corra bem”. Pedro, o “dono” do bombo, e finalista, lembra o percurso e a ligação que manteve com a tuna.

Conhecimentos musicais variam dentro do grupo

Começam a afinar os instrumentos. Com maior ou menor jeito, com maior ou menor conhecimento de causa, todos tentam limar o som das cordas, antes desajustado por um uso convicto e emotivo. Ainda estão a entrar pessoas quando o ensaio começa. O relógio há muito que ultrapassou as 22 horas. Ensaiar as músicas novas é a prioridade. Ainda há muitas falhas, no ritmo e no tom. Procura-se paciência para que o acerto se faça da melhor maneira. Por vezes, a tarefa torna-se complicada. Depois de um dia preenchido, todos procuram mais distracção que concentração.

As músicas são ensaiadas num ritmo lento. O magister tenta, a todo o custo, manter a atenção e concentração. Tarefa em muito complicada. O profissionalismo não é regra presente, no sentido mais reduzido do termo. Há mais gosto em tocar que a vontade de o fazer bem (ver vídeo). Talvez seja isso que faz com que a entrega seja pura. É a parte mais proveitosa do ensaio. Aquela em que não existe a cadência lenta de chegada dos elementos, nem chegou ainda a hora em que o segurança do Instituto pressiona para que o ensaio termine. Mas depressa esta última acontece.

É quase meia noite. Alguns, menos ocupados, fumam, à porta, enquanto combinam o local para passar mais uns momentos da noite. Com menos sorte, há quem corra, apressado, para terminar os trabalhos que deixou a meio para poder assistir ao ensaio. Os restantes deixam o local, despreocupados, com o pensamento nas tarefas do dia seguinte. Comum, é a vontade e a convicção de que se voltarão a reunir, em breve, para tocar sentimentos.