Crianças visitam feira do livro

As gargalhadas, a indignação perante os títulos, e o folhear de livros sem consentimento da professora, são características habituais dos mais pequenos, quando a curiosidade ainda reside no olhar de quem visita pela primeira vez uma feira do livro.

Muito animadas, as crianças que recentemente visitaram a II Feira do Livro e do Disco de Portalegre largam risadas porque um dos mais pequenos descobriu um livro que fala de sexo. Os títulos deixam as crianças curiosas, agitadas, e até mesmo indignadas, pois a imaginação começa a trabalhar a todo o vapor, quando alguém, considerado o herói do momento, descobre a palavra mais complicada.
Para muitos, esta é a primeira vez que visitam uma feira onde o produto não varia de tenda para tenda. O que à partida pode parecer monótono para as crianças, acaba por tornar-se num recinto repleto de aventuras, onde os mais corajosos folheiam os livros sob o olhar atento das professoras que, mais uma vez, são obrigadas a dizer “aí não se mexe”.

O espaço visitado, aberto entre os dias 4 e 12 de Junho na Biblioteca Municipal de (BMP), contou com uma sessão dedicada aos mais novos, a “Oficina para Crianças”. Em conjunto com a “Actividade para Bebés Leitores” e a “Hora do conto”, estas acções têm o objectivo de incorporar hábitos de leitura cada vez mais cedo. As iniciativas desenvolvidas periodicamente, desde a abertura da biblioteca em 1999, relacionam-se com uma percentagem de abandono escolar superior a cinquenta por cento em todo o território nacional. Uma realidade reflectida em Portalegre, que tem como consequência o desinteresse pelo espaço bibliotecário da cidade norte alentejana, bem como um maior número de leitores do sexo feminino, por serem, igualmente estes, os que mais frequentam o ensino.
Existem pais que se dirigem à biblioteca na companhia dos mais pequenos, uma vez por semestre, para fomentar o contacto com os livros e tornar o espaço cada vez mais familiar.

Olga Ribeiro, directora da Biblioteca, refere que o “intuito da Actividade para Bebés é tocar não apenas o público escolar, mas fomentar os laços da família, secundarizando com a biblioteca”.

“A Hora do Conto” é composta por acções didáctico-pedagógicas de cariz lúdico, que fortalecem o desenvolvimento da criatividade, autonomia e espírito crítico. Luís Ensinas, professor, é o responsável por esta iniciativa. Escolhe os textos, prepara pequenas dramatizações e contacta infantários e escolas.
Com os índices de leitura infantil a aumentar, Carla Galhardo, mãe de Telma Marina, de seis anos, comenta que a sua filha “está cada vez mais interessada pela leitura, porque sempre adorou ouvir histórias, e observar as figuras coloridas dos livros”. Por sua vez, Telma Marina, questionada sobre o seu gosto pelos livros, comenta que gosta de ler “porque há histórias giras”.