“O Umbigo de Régio” em conferência no auditório da ESEP

Divulgar o monólogo de Filomena Oliveira e Miguel Real, interpretado por Jorge Sequerra, que condensa a trajectória pessoal e profissional de José Régio, foi a principal finalidade desta palestra.

O auditório da Escola Superior de Educação de Portalegre recebeu, no passado dia 13 um colóquio sobre o espectáculo “O Umbigo de Régio”, que subiu ao palco do Cine-Teatro Crisfal dois dias depois.

Este encontro, no qual estiveram presentes cerca de 20 pessoas, teve como objectivo primordial divulgar a peça em questão, pela palavra do actor Jorge Sequerra. “O Umbigo de Régio” é um monólogo com aproximadamente uma hora e quarenta minutos, criado por Filomena Oliveira e Miguel Real, que sintetiza, de um modo fragmentário e diversificado o percurso pessoal e profissional de Régio, a multiplicidade dos locais, dos temas, dos desejos, das angústias, das interrogações e das paixões que acompanharam o autor ao longo da sua vida. Actor há 27 anos, Jorge Sequerra confessa que “nunca me tinha interessado por José Régio” até ao momento em que os autores, amigos de Sequerra, lhe apresentaram um texto, especialmente criado para o actor pôr em cena, intitulado “O Umbigo de Régio”. Assim nasceu a peça.

“Eu tentei compactar este estudo com aquilo que os actores fazem, ou seja depois de perceber a ordem tentei ir à procura da pessoa por fora e por dentro, desde os gestos ao modo de ser”, contou Jorge Sequerra.

De Vila do Conde a Portalegre

O autor, para melhor conhecer esta figura história, esteve em Vila do Conde e Portalegre, falou com diversas pessoas que conheceram Régio, viu inúmeras fotografias e todos os documentários existentes sobre o escritor. Tratando-se de um monólogo, Jorge Sequerra refere que “um dos grandes desafios deste projecto, foi para mim, fazer de um monólogo um espectáculo dinâmico, vivo e interessante”, o que na opinião do actor foi conseguido.

Acrescentou ainda que considera “O Umbigo de Régio” uma representação de risco. “Eu nunca tive tanto medo na vida!”. O primeiro risco que o artista aponta é o facto de se tratar de uma figura histórica, uma vez que várias pessoas que o conheceram ao verem o trabalho podem discordar dele. Outro risco apontado é recitar o “Cântico Negro” em cena, uma vez que todos estão habituados a ouvi-lo na voz de João Villaret e o actor pode fazê-lo de modo diferente.

“Foi de facto um grande susto” confessa. “O título da peça vem da famosa polémica histórica de 1939 entre o Régio e o Álvaro Cunhal”, conta o actor, referindo também que “este espectáculo é um bocadinho como mergulhar dentro do umbigo de Régio e então, descobre-se que, de facto, o umbigo dele é do tamanho do mundo e é um mundo imenso”. Nas palavras de Miguel Real, “o espectáculo não retrata a obra de José Régio, é apenas uma introdução ao seu espírito e um apelo à sua leitura. É uma declaração de amor por Régio em forma de monólogo teatral. Em digressão desde Março deste ano, «O Umbigo de Régio» "não é uma peça cronológica, segue uma lógica estética e dramática. Foi feita em cima de um estudo muito profundo à obra de José Régio e que abarca todos os géneros que ele escreveu” sublinha Sequerra. O Ministério da Cultura disponibilizou para o espectáculo cerca de 25 mil euros, sendo os restantes apoios de diversas entidades em materiais e serviços.

O valor total da peça de 100 mil euros.