ESEPTV - Peças
03/02/2016 - 14:40
|
O Estado vai implementar nos próximos meses um conjunto de medidas tendentes a reestruturar a comunicação social regional, anunciou o secretário de Estado do ministério da presidência, Feliciano Barreiras Duarte, no encerramento das VIII Jornadas da Comunicação Social de Portalegre.
A reestruturação anunciada por Feliciano Barreiras Duarte passa sobretudo por uma “qualificação e modernização dos jornais e das rádios locais e regionais”, o segmento da comunicação social que o secretário de Estado considera que "mais possibilidades ao nível profissional” vai proporcionar aos estudantes de jornalismo, futuros licenciados. O incentivo desta reestruturação reside num “programa de apoio à contratação de jornalistas profissionais”, de modo a gerar mais postos de trabalho para os profissionais de comunicação social. Já que, o panorama dos 900 jornais regionais que existem no nosso país oferece cerca de 1600 postos de trabalho. O Estado assumirá durante uma “fase transitória de três anos”, o pagamento de “determinada percentagem” da remuneração mensal desses jornalistas, aos jornais ou rádios que os contratarem.
Feliciano Barreiras Duarte defende que “o aumento do número de jornalistas a trabalhar nos jornais e nas rádios contribuirá para a qualificação desses mesmos órgãos”, nomeadamente em termos de conteúdos. O “acto da escolha dos jornalistas” passará pelo próprio órgão de comunicação social, mas o secretário de Estado considera que esta acção será um “contributo para a absorção de muitos desempregados nesta área e também dos recém-licenciados”.
De acordo com o membro do governo “existe um complexo de estatuto em muitos estudantes deste país, no que diz respeito à entrada no mercado de trabalho por via da imprensa regional”, e como tal é necessária uma “nova atitude por parte dos estudantes”.
Portalegre é, segundo os dados divulgados pelo secretário de Estado, o sétimo distrito do país com maiores indíces de leitura de imprensa regional, cerca de 59% da população.
Possui dez rádios locais e 12 jornais regionais e locais. Como tal, o membro do governo entende que “muito do futuro dos estudantes passa por começarem a conseguir ver na imprensa regional, como uma oportunidade profissional”.
Assumindo a comunicação social como um “instrumento de desenvolvimento do país”, o Governo pretende, para além do apoio à contratação de jornalistas, pôr em prática “um plano de leitura para incentivar a leitura em Portugal, um plano de formação do sector, que visa a sua qualificação em várias vertentes, não só dos jornais e das rádios”.
O Governo pretende também, de acordo com Feliciano Barreiras Duarte, “melhorar os critérios de atribuição do porte pago”. "Não faz sentido existirem jornais que na sua maioria só existem porque o Estado paga para eles existirem”, justificou o governante.
Assim sendo, o Estado pretende “baixar drasticamente nos próximos três anos” a atribuição de porte pago, concedendo a possibilidade dos jornais e rádios se modernizarem com outro tipo de apoios, como por exemplo “parcerias estratégicas através junções de rádios e de jornais”.
Feliciano Barreiras Duarte caracteriza o modelo português no domínio da comunicação social regional como “amador proteccionista, que parou no tempo há já algumas décadas, e que sobrevive à conta do Estado e do amadorismo voluntário”. “É uma preocupação do Governo que o panorama mude” com a implantação desta reforma, sobretudo, em termos de qualidade. Principalmente quando Portugal é o país da Europa que mais rádios locais e jornais regionais tem, e o segundo país da Europa com menores índices de leitura.
Mais Comentados