Cerca de 95% dos agricultores foram afetados pela seca no Alto Alentejo

De acordo com a Direção Regional de Agricultura do Alentejo (DRAP) cerca de 95% dos agricultores da região alentejana foram afetados pela seca. As altas temperaturas e a falta de água foram as principais causas.

 

 

“Era um ano de muito boa produção, mas derivado à seca vamos ter uma diminuição de 50%”, afirma Joaquim Lanternas, agricultor há mais de 40 anos no concelho de Elvas, distrito de Portalegre.

Com uma vasta área de terreno agrícola, orientado para a produção de azeitonas, citrinos e hortícolas, Joaquim Lanternas, refere que este foi um ano “crítico”, uma vez que teve um prejuízo de cerca de 50% na azeitona.

 

 

José Pinheiro engenheiro da DRAP, refere que a entidade está a par da situação e da quebra de produção de azeitona, mas ainda não há medidas específicas tomadas. “Temos tido problemas nomeadamente com quebras de produção significativas no olival, porque as pessoas não podem regar pelas situações que tivemos e pelas altas temperaturas. Tivemos um prejuízo enorme. Para já não há nenhuma medida, não sei se será tomada alguma medida que vise compensar a quebra de rendimento que as pessoas tiveram”, refere aquele responsável.

Apoios na agricultura e no gado

No entanto, outras medidas de carácter mais geral, estão já a ser tomadas para apoiar os agricultores afetados pela seca. A primeira está relacionada com a falta de água para o gado. Os agricultores estão autorizados a recorrer a outros meios para que os animais não morram à sede “As pessoas podem submeter uma candidatura para abrir um furo para pesquisa de água ou fazer uma charca ou comprar uns bebedouros para que pudessem colocar água em sítios específicos onde os animais não têm água.”, afirma José Pinheiro.

Para os agricultores que precisem, foi aberta recentemente uma linha de crédito “para a alimentação animal em que as pessoas podem contratualizar com os bancos um empréstimo e depois é um juro bonificado que é financiado pelo estado”, refere o engenheiro.

Uma outra medida, visa proteger os agricultores, uma vez que não serão penalizados por não darem alimentos biológicos ao gado. “Se não houver alimentos biológicos face às condições, as pessoas não são penalizadas pelo apoio que recebem nesse objetivo para que temporariamente, enquanto não há possibilidade de alimentar os animais com esse tipo de alimentos, possam utilizar alimentos convencionais para que os animais não morram”, refere o engenheiro José Pinheiro.

Agricultores que escaparam à seca

Muitos foram os agricultores que foram afetados pela falta de água, contudo houve alguns que conseguiram escapar, como é o caso de Carlos Lérias, agricultor há mais de 35 anos. Afirma que este foi um ano como o anterior, uma vez que fez todas as plantações que tinha planeado. “As culturas que fiz o ano passado, não deixei de fazer este ano”, afirma o agricultor.

Acredita que não foi afetado pela seca uma vez que possuí 6 furos que foram os seus aliados nesta época do ano “Não tenho muitos problemas de seca porque tenho muitos furos, a rega que eu faço é feita através de furos artesianos”, declara Carlos Lérias.

No entanto, refere o agricultor, este ano não teve problemas relacionados com a água, mas tem consciência que para o próximo a situação pode não ser a mesma “Eu digo que tenho água este ano e que não faltou, mas nós sabemos que cada vez há mais furos a fazerem-se, cada vez as pessoas têm menos água e abrem mais furos, o que implica que os níveis freáticos vão baixando, portanto não digo que não vá ter falta de água”, desabafa o agricultor.

 

Autor: Margarida Andrade

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