Santos Silva diz que “está tudo congelado”

Augusto Santos Silva, ex-ministro da Educação do governo de António Guterres, afirmou em Portalegre, numa acção de campanha para as europeias que "o país está congelado". A sessão foi organizada pela comissão de campanha do PS local e os temas abordados foram a juventude, a educação e a ciência.

Augusto Santos Silva, professor universitário e ex-ministro da Educação do governo PS considera que "vivemos num país congelado”. A ideia foi manifestada recentemente numa intervenção do ex-ministro de Guterres durante uma visita a Portalegre integrada numa acção do PS de campanha para as eleições europeias.
"Portugal parece uma cozinha em que está tudo metido no congelador e está uma governanta de vassoura de bruxa a impedir o acesso ao congelador para descongelar as pessoas que é a Sr.ª Ministra das Finanças”, disse Santos Silva.

O ex.ministro da educação fez uma retrospectiva do país nos últimos trinta anos em matérias como a ciência e juventude e recordou que "no 25 de Abril o “Ensino Superior tinha 60 mil estudantes a frequentá-lo. Hoje tem quase 400 mil estudantes. Quer dizer que em 30 anos nós conseguimos multiplicar por sete o número de jovens a frequentar o Ensino Superior”. Na sua opinião, este “é um excelente resultado em qualquer parte do Mundo”. Além disso, “a taxa de abandono escolar em Portugal, em 91, era de 12,5%, o que quer dizer, uma em cada oito crianças tinha abandonado a escola básica antes dos 15 anos. Em 2001 a taxa desceu para os 2%”, defende.

Apesar de “ser um optimista prático”, Santos Silva não deixou de tecer algumas críticas ao governo de coligação, principalmente em relação à política educativa do governo. Para o ex-ministro, “é inconcebível que o novo curriculum do ensino secundário se caracterize por dar menos horas às ciências”, já que “desde que há exames nacionais de 12º ano, invariavelmente, há médias negativas em matemática, em física e em química, ora umas vezes são médias positivas, ora são negativas”. O problema é mais grave, na opinião de dirigente socialista, quando “uma das medidas deste governo tenha sido acabar com o programa nacional de projectos de educação científica nas escolas, a Ciência Viva”. Para Santos Silva a política a seguir “é exactamente o contrário, é mais ciência, mais formação científica”.

Outro dos aspectos negativos que apontou à política do governo em relação à juventude e à educação é o facto do inquérito ao emprego realizado trimestralmente pelo Instituto Nacional de Estatística dizer que “está a aumentar o desemprego dos licenciados”, afirma.

É por todas estas razões acima referenciadas que, no seu entender, no dia 13 de Junho os portugueses devem dar um cartão amarelo à governação de direita, visto que quanto aos outros países europeus “este governo só nos aproximou, infelizmente, em matéria de desemprego, em tudo o resto nos afastou”.