A origem da vida continua a ser ainda um mito religioso e cultural

Apesar dos progressos na ciência ainda existe uma rejeição ao conhecimento. Há quem prefira seguir crenças e culturas como sua fonte de saber. Manuel Mota, biólogo, desafia-nos para uma aproximação entre o mundo e a ciência.

Ainda hoje o surgimento da vida e outras questões científicas são analisados por muitos em função de culturas e de crenças defendeu Manuel Mota, professor no Departamento de Biologia da Universidade de Évora, durante a conferência “A origem da vida e a evolução” que decorreu na Escola Superior de Portalegre inserida na Semana da Ciência e Tecnologia.

Tentar perceber como surgiu a vida, continua a ser um problema para a ciência e para o mundo, apesar do progresso nas investigações feitas ao longo dos anos. Manuel Mota destaca que “é preciso mostrar às pessoas os limites da ciência que, ainda assim vem tentando responder a todas as questões que lhe são expostas”.
“A ignorância nunca ajudou ninguém e com ela nunca chegaremos a lado nenhum, tentar descobrir quando surge exactamente Deus e em que altura é que ele faz a Terra, é indesvendável e está fora do departamento da ciência”, defendeu o professor.

Até agora os únicos dados que para alguns estarão longe de ser verdadeiros, é de que a Terra, segundo alguns geólogos e físicos, terá sido formada há aproximadamente 4.5 biliões de anos. “Estima-se que terá sido num momento posterior ao Big Bang, momento esse que de alguma forma consolidou este planeta na sua forma redonda e sólida que hoje conhecemos” explica Manuel Mota.

Quanto às primeiras células terão surgido há três ou quatro biliões de anos tendo em conta que “o clima, o sol e o continente onde se encontram, fazem com que diversas espécies surjam ou desapareçam no decorrer dos tempos” afirma o biólogo.

Para Nuno Sequeira, director do Núcleo Regional de Portalegre da Quercus “a origem da vida sempre foi um grande mistério ao longo das várias gerações deste planeta. Gerações que vão tentando também elas arranjarem respostas para este enigma”.

A rejeição ao conhecimento foi um outro aspecto mencionado na conferência. Esta questão é discutida no seio dos investigadores que acreditam que é necessário e fundamental que todos percebam de onde vieram e, que “se desconstrua as ideias que as crenças e as diferentes culturas vão alimentando por este mundo fora” refere o representante da Quercus.

“É bom que as pessoas se capacitem que há maneiras de descobrir e de estudar estas áreas. E assim sendo, tudo aquilo que possa ser feito para melhorar esse conhecimento é também importante para todos nós no presente” acrescenta.

Aproximar a ciência ao mundo

A conferência “A origem da vida e a evolução” integrada nos encontros ecológicos da Semana da Ciência e Tecnologia pretendeu aproximar a ciência do mundo, mostrando que esta área não é para ser tratada apenas por um pequeno grupo de pessoas.

“Para nós que estudamos estas matérias, é um prazer enorme dar a conhecer aquilo que investigamos e os resultados a que conseguimos chegar” afirma Manuel Mota. “Muitos mistérios que consideram estarem inacessíveis, estão no fundo acessíveis a todos nós, desde que tenhamos interesse para os perceber" relata.
Neste momento a grande preocupação centra-se nas questões ambientais em termos globais. No entanto, “não podemos esquecer que para proteger temos que conhecer e perceber o que é possível ser feito” refere Nuno Sequeira.