Casa Museu José Régio sem espaço para expor todas as obras

A Casa Museu José Régio não tem espaço suficiente para mostrar aos visitantes todas as peças de arte, que o escritor coleccionou durante os trinta anos, que viveu em Portalegre. Muitas são as peças armazenadas, e a sala preenchida por arte conventual foi fechada ao público para dar lugar a serviços administrativos.

O Museu “Casa Museu José Régio” de Portalegre não tem capacidade para colocar em exposição toda a colecção de peças de arte, que remontam, na sua maioria, aos séculos XVII e XVIII e que o escritor José Régio adquiriu ao longo dos trinta anos em que viveu na cidade norte alentejana. Devido à falta de espaço, muitas das peças estão armazenadas e a sala de arte conventual foi encerrada aos visitantes para dar lugar a um escritório.

Com trinta e três anos de existência poucas são as obras de restauração que o museu sofreu desde a sua inauguração. Temperaturas elevadas, e humidade, causam a deterioração das peças, o que também leva a que estas sejam preservadas longe do olhar dos turistas.

No ano passado, o museu recebeu cerca de 5500 pessoas, uma queda face aos habituais 7000 visitantes que anualmente se dirigiam à cidade de Portalegre para observar elementos decorativos e utilitários, que muito dizem da memória colectiva daquela região.

Para dar resposta a estes problemas, é necessário uma ampliação e requalificação do espaço, porque “esta colecção que se vê e se pode apreciar é uma exposição permanente, portanto esperamos que brevemente teremos espaços para exposições temporais pois há imensas peças em reserva e que o público naturalmente gostaria de as apreciar”, explica Maria José, técnica superior de museologia da Casa Museu José Régio.

Na casa museu há uma colecção variada. É composta por peças de arte sacra, como é o caso de mais de quatrocentos cristos, essencialmente em madeira e arte popular, havendo também em terracota e marfim hindoportugueses. Há um conjunto antoniano, esculturas em barro, uma série de mobiliário, barros de Estremoz e Portalegre e uma colecção de arte pastoril, de arte conventual e faiança.

Origem da Casa Museu

José Maria dos Reis Pereira, mais conhecido por José Régio, nasceu em Vila do Conde a 17 de Setembro de 1901 onde viveu toda a sua infância.

Filho de Maria da Conceição Reis Pereira e de José Maria Pereira Sobrinho, o escritor e e coleccionador, ingressa, aos 18 anos, na Faculdade de Letras em Coimbra no curso de filologia românica.

Durante o seu percurso académico foi escritor de vanguarda e um dos fundadores da folha de arte e crítica Presença, mantendo contactos com personalidades distintas no mundo da literatura, como Fernando Pessoa e Mário Sá Carneiro.
Já professor, dá aulas no Liceu Alexandre Herculano no Porto e em 1929 chega a Portalegre, onde foi confirmado professor efectivo no Liceu Mouzinho Silveira.
Passa a dividir a atenção pelos alunos e pelos amigos David Mourão Ferreira, Adelino Santos e Feliciano Falcão.

Nos tempos livros dedicou-se à pintura de quadros, mas as suas duas grandes paixões foram a literatura, evocando o tema “Deus e o Diabo”, e a colecção de antiguidades que armazenou na antiga Pensão do Alto da Boa Vista, vendida à Câmara Municipal de Portalegre em 1969, e que, dois anos mais tarde foi inaugurada ao público como Casa Museu José Régio.