"Não importa estar no interior. É preciso é ter iniciativa"

Cientistas de todo o mundo estão em Portalegre para assistir ao primeiro congresso internacional realizado pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre. Para Gastão Marques, presidente da instituição, a realização deste evento em Portalgre serve para mostrar que "aqui também se faz investigação"

[ESEP Jornal Digital - Como surgiu a ideia de realizar este congresso?
[Gastão Marques]
- Os nossos colegas que são professores cá mas que também são professores em Badajoz, já têm alguma experiência em organizar congressos em Badajoz. Eles defendiam que nós aqui também devíamos organizar um congresso e nós resolvemos acolher a ideia.

Como eles estão a investigar muito fortemente na área da energia e ambiente, a nível de bio-massa, resolvemos realizar um congresso sobre energia e ambiente. É uma forma de chamar a atenção para aquilo que este centro de investigação está a fazer e também para nos colocar no mapa, principalmente para as pessoas saberem que aqui em Portalegre também há investigação.

[EJD] - Porquê o ambiente e a energia?
[GM] -
É uma aposta estratégica da escola, temos um centro de investigação muito activo e estamos a fazer investimentos importantes neste sentido. Já há investigação realizada, temos uma óptima parceria com a Universidade da Extremadura e então resolvemos avançar, também porque é um tema actual.

[EJD] - Quais os objectivos que pretendem atingir?
[GM] -
Primeiro que tudo colocar-nos no mapa, para que as pessoas percebam que aqui também fazemos alguma coisa, isto faz parte de uma estratégia mais global e segundo pretendemos estabelecer laços de cooperação com o centro de investigação e com os investigadores. Por outro lado é também uma forma de, digamos, mudar o funcionamento da escola, torná-la mais virada para a área da investigação.

“Tivemos sorte porque temos aqui as pessoas certas”

[EJD] - O facto do congresso ter lugar numa Escola que está situada numa cidade do Interior, poderá ser um ponto negativo?
[GM] -
Hoje em dia não há problema em ser do interior quando se fala de investigação. Temos é que ter iniciativa, criatividade, estabelecer redes de parceria e encontrar as pessoas certas. Nós tivemos sorte porque temos aqui as pessoas certas, o professor José Gañán e outros, mas principalmente ele.

[EJD] - Quais as dificuldades que surgiram ao longo da realização deste congresso?
[GM] -
Há uma dificuldade natural que é o facto de ser o primeiro congresso que organizamos. Mas penso que correu muito bem.

[EJD] - Uma vez que é uma escola portuguesa que recebe o congresso, porquê a predominância de outros idiomas?
[GM] -
Um congresso Internacional hoje em dia tem de ser em inglês. Mas logo à partida definimos que tinha três línguas, o inglês, o português e o espanhol. Por ser internacional abria em inglês, mas depois os intervenientes dos respectivos países utilizavam o seu respectivo idioma. No entanto, existem algumas comunicações que têm obrigatoriamente de ser em Inglês, o que é o normal neste tipo de congressos.

[EJD] - Dois dos nomes que mais se destacam neste congresso são o do Presidente da Republica Jorge Sampaio e o Rei de Espanha D. Juan Carlos I. Neste momento já é sabido que estas duas individualidades não vão estar presentes. Poderá isto afectar de algum modo o êxito deste congresso?
[GM] -
Essas duas individualidades foram convidadas para a presidência do comité de honra e aceitaram, o que é muito raro neste tipo de actividades. No entanto, depois não tinham já disponibilidade na agenda para vir. À partida quando aceitaram o convite, já sabíamos que havia uma forte possibilidade de não estarem presentes, apesar de haver sempre uma esperança.
Acho que é sempre assim, não vai haver problema. O facto das pessoas aceitarem um convite para presidir um comité de Honra, não significa que tenham de estar presentes.

“As pessoas vêm de toda a parte do mundo”

[EJD] - Espera-se um balanço positivo?
[GM] -
Sim, é claro que esperamos um balanço bastante positivo. As pessoas vêm de toda a parte do mundo. Todos estão um pouco surpreendidos, com o facto de termos conseguido montar um evento deste nível aqui em Portalegre.

Estão aqui presentes editores de revistas cientificas muito importantes no mundo, que causam um grande impacto no público. Isto é muito difícil de se conseguir mesmo em cidades como Lisboa ou Madrid, uma vez que é muito difícil contactá-los. Nós vamos conseguir fazer isto cá em Portalegre graças ao trabalho que estamos a realizar e graças ao esforço da Comissão Organizadora.