Alpinista francês contou experiências em Portalegre

8800 metros sozinho e sem oxigénio em 22 horas e 29 minutos foi o recorde alcançado por Marc Batard quando subiu ao Everest. O alpinista francês, recordista mundial, apresentou no auditório da ESEP duas curtas-metragens sobre a sua experiência numa iniciativa organizada pelo departamento de línguas estrangeiras, no âmbito da Semana das Línguas.

Esguio, leve e com qualidades excepcionais de rapidez e resistência, Marc Batard, um dos mais reconhecidos alpinistas a nível mundial, esteve no auditório da ESEP para uma conferência promovida pelo departamento de línguas estrangeiras, onde apresentou duas curtas-metragens, falou sobre os seus livros e da sua associação que apoia jovens problemáticos com o intuito de integrá-los na sociedade.

Os recordes estabelecidos como alpinista, os livros, as pinturas, a associação En Passant par la montagne, as duas curtas-metragens exibidas e a sua personalidade intransigente e por muitos considerada polémica, levou muitos curiosos pelo trajecto de Marc Batard ao auditório da escola.

As curtas-metragens

O alpinista levou consigo duas curtas-metragens: Solitude Verticale de Gilles Perret e Serge Worreth; L´homme qui revient de haut de Gilles Perret.

A primeira, de oito minutos, fala de uma ascensão sozinho a em Chamonix, França, que foi dedicada a todos os sem-abrigo daquele país.

O segundo filme, de 26 minutos, relata uma nova fase da sua vida: quando abandonou as perigosas e violentas ascensões dedicando-se mais à pintura.

Marc Batard fez uma comparação entre o perigo e as dificuldades que foi sentindo ao longo de todo o seu percurso como alpinista, com a violência e conflitos que existem nas sociedades de hoje em dia, fazendo referência à corrupção no desporto.

“Muitas pessoas, e mesmo meios de comunicação social, sentiram-se incomodadas com algumas coisas que escrevi sobre as competições, mas eu apenas quis expor a verdade. Talvez as corrupções a que assisti fossem um estímulo para que eu me afastasse da competição”.

O percurso como alpinista

Marc Batard confessou que sentiu uma grande atracção pelo alpinismo em 1974. A sua primeira grande ascensão foi o Huantsan, no Peru (6395 metros) pela vertente noroeste. Foi guia de alta montanha conduzindo os seus clientes por vias bastante inóspitas. Destacou-se como alpinista numa ascensão ao Everest (8800 metros, a maior de todas) sozinho e sem oxigénio. “Àquela altura o corpo humano perde tantas capacidades físicas e psicológicas que é muito difícil de a descrever, mas é claro que o sentimento de o objectivo ter sido cumprido é inevitável e inesquecível!”, disse Marc Batard quando lhe perguntaram o que sentiu quando atingiu o cume do Everest.